Quanto ao lema do
Pacto de Lausanne, qual seja, “O Evangelho todo para o homem todo”,
entendo como pertinentes as seguintes considerações:
Em primeiro lugar, o
Evangelho todo não implica necessariamente apenas o conteúdo, mas
sim todas as implicações a ele imanentes. Dessa maneira, a
expressão deve ser compreendida como todo como “O Evangelho e
todas as benesses que o acompanham”, muito embora o fato de ser
alcançado pelo Evangelho já seja a maior das benesses. Segundo,
mais que palavras, mais que um livro, mais que mero anúncio de uma
notícia, o Evangelho é a Pessoa Bendita de Jesus Cristo, que vive e
reina eternamente. E, por ser Eterno, o Evangelho é indivisível.
Não é coerente querer dividir Deus, ou apresentá-lo em partes
dissociadas umas das outras, tampouco limitar seu trabalhar ou privar
o ouvinte de ouvir verdades essenciais acerca da Palavra.
Mas, divagações
filosóficas à parte, quando falamos em “o Evangelho todo para o
homem todo”, entendemos que não haveria lema mais pertinente, uma vez
que resume com maestria o âmago das missões, indicando um prisma
pelo qual o olhar da Igreja deve ser dirigido à grande parcela da
humanidade ainda não alcançada pela Palavra. Consideremos ainda que
as boas-novas devem ser anunciadas como expressão viva do amor de
Deus, de maneira que o interlocutor se perceba como um filho amado de
um Pai que se preocupa com Ele, encontre seu lugar no lar e
reencontre sua dignidade, sua família, sua honra, seu trabalho.
Por fim, quando a
referência é “para o homem todo” se faz patente que, conquanto
Jesus Cristo tenha se entregado em sacrifício e vertido seu sangue
puro na cruz do Calvário, em primeira instância, para a remissão
de nossos pecados e para nos reconciliar com Deus, devemos ter claro
o fato de que a vida futura, ou o Céu, ou a Eternidade com Cristo,
hão de se consumar no porvir; no entanto, o ouvinte do Evangelho tem
ainda uma trajetória terrena da qual nós, enquanto Igreja, não
podemos olvidar. Assim, o Verbo salva não só o Espírito, mas o
homem em sua completude. Devemos ter consciência de que, enquanto
cristãos, devemos ter responsabilidade social, estendendo as mãos
para os necessitados, contribuindo para o refrigério dos aflitos,
amparando aqueles que, apesar de alcançados pelo Evangelho, ainda
carecem de auxílios dos mais diversos, nas mais diversas áreas.
Afinal, o Evangelho não é mágica, tampouco panaceia, do tipo
“venha para Cristo e todos seus problemas se resolverão”. Os
povos precisam do Evangelho acima de tudo, mas também precisam de
saúde, educação, moradia, infraestrutura. Devemos ofertar a
Palavra aos homens, mas também nossas ações. O Evangelho todo,
para o homem todo: o lema sintetiza a missão integral.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian