Uma
das grandes dificuldades encontradas por um "assembleiano
calvinista" no âmbito eclesiástico é ter que, vez por outra,
ouvir ataques infantis e gratuitos às doutrinas em que crê. Um dos
pontos ao qual tenho percebido mais afrontas é a perseverança dos
santos.
De
maneira distorcida, acreditam os arminianos que o "uma vez
salvo, salvo para sempre" não condiz com o ensinamento das
Escrituras. Segundo afirmam os detratores, se assim fosse, "bastaria
crer em Cristo e continuar vivendo uma vida pecaminosa, em deleites e
prazeres carnais, e não haveria problema algum; afinal, uma vez
salvo, salvo para sempre". Não percebem que crer em Cristo e
tê-lO como Senhor e Salvador e, ao mesmo tempo, viver no pecado, são
coisas diametralmente opostas.
O que
afirma, afinal, a doutrina da perseverança dos santos? Em suma, que
todos aqueles que foram justificados serão salvos no fim.
Tranquilamente pode-se dizer que a Bíblia favorece a posição
calvinista da segurança eterna, ou seja, de que uma pessoa que de
fato é salva jamais poderá perder a salvação.
Um
grande número de textos sagrados ratificam essa posição. Vejamos
alguns deles:
(Minhas
observações vem abaixo de cada versículo)
"Que
mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação,
já prestes para se revelar no último tempo [...]." (1 Pedro
1:5)
Aqui
vemos a ideia de que, pela fé que n'Ele depositamos, temos a garantia
de que Seu poder nos guardará até o fim.
"Tendo
por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a
aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo [...]" (Filipenses
1.6)
Claro
está que todos os regenerados serão salvos, uma vez que aquele que
iniciou o processo de salvação em nós irá terminá-lo.
"Na
verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em
condenação, mas passou da morte para a vida." (João 5:24)
Temos
a vida eterna a partir do momento em que cremos. Assim, podemos ter a
convicção de que o céu nos aguarda. Essa convicção nos leva a
desejarmos fazer a vontade daquEle que nos chamou.
"Porque
com uma só oblação aperfeiçoou
para sempre os que são
santificados." (Hebreus 10:14)
Para
sempre...
"Porque
os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos
que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes
também glorificou." (Romanos 8:29-30)
Essa
sequência não pode ser quebrada. Ou seja, aqueles que Deus
predestinou, Ele chamou, justificou e, por fim, glorificou.
"As
minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;
E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as
arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que
todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai." (João
10:27-29)
As
ovelhas verdadeiramente chamadas jamais perecerão. Ninguém pode
arrebatá-las das mãos de Deus. Nem nós mesmos.
"Em
quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da
nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor
da sua glória." (Efésios 1:13-14)
O selo do Espírito é inviolável. É
o penhor, a garantia da nossa herança.
"Ora,
àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e
apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória,
Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade,
domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém." (Judas
1:24-25)
Amém.
"Estas
coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus,
para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no
nome do Filho de Deus." (1 João 5:13)
Tendes
a vida eterna. Vida eterna não é igual a dinheiro no bolso que, se
temos num dia, no outro já não temos. É eterna.
É
fato que vários versículos são usados pelos arminianos para
refutar a doutrina da perseverança dos santos e para expor que a
salvação pode ser perdida. No entanto, tais versículos são
utilizados para tais propósitos de maneira errônea. Se referem, na
realidade, a duas categorias:
1) A
crentes professos, mas falsos (Mt 7:22,23; II Pe 2:22; Ap 22:19;
etc.).
2) À
perda de galardão, e não de salvação (I Co 3:11-15; I Co 9.27; Hb
6:4-6; Hb 10:26-29; etc.).
Cabe
frisar que a Palavra nos afirma que fomos eleitos "nele
antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor" (Efésios 1.4). Os eleitos
foram eleitos antes mesmo que houvesse mundo e, de igual maneira,
seus nomes estão escritos no livro da vida desde sempre. Os nomes
que lá estão não são apagados e reescritos de acordo com suas
obras e conduta.
Simplesmente estão lá.
Óbvio
que não podemos incorrer no mesmo erro dos detratores da
perseverança dos santos, afirmando que podemos crer mas viver
satisfazendo as vontades da carne, afinal "já sou salvo
mesmo"...
Não.
Somos
"eleitos
segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito,
para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo" (I Pe
1.2).
Se
alguém afirma ser eleito, mas não se preocupa com a santificação,
é sinal de que não é eleito. "Porque
não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação."
(I Ts 4.7)
Simples
assim. Convencionou-se chamar isso de calvinismo, mas é muito mais
do que isso. É a Palavra de Deus.
Soli
Deo Gloria
Alessandro
Cristian