O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

sábado, 28 de dezembro de 2013

Conselhos para 2014... E para a vida toda.

Ame mais. A família, os irmãos, os amigos, os inimigos.
Perdoe mais. Aos que te ofenderam e aos que tentaram. Sempre.
Sorria mais. Mas busque motivos legítimos, sem maldade, nem falsidade.
Abrace mais. A todos que encontrar. Calor humano faz bem.
Leia mais a Bíblia. Medite sobre o que leu e aplique ao seu dia-a-dia.
Ore mais. Sem cessar, mas também reserve momentos para estar a sós com Deus.
Descanse mais. Cuidado com o stress.
Estude mais. Se aperfeiçoe em todas as áreas da vida.
Leia bons livros, de boas editoras. Fuja dos best-sellers. Não seja "Maria-vai-com-as-outras".
Renove os laços matrimoniais a cada manhã. "Até que a morte os separe".
Reserve mais tempo para estar com a família. É fundamental para o bem-estar.
Leve as crianças ao cinema. E ao parque. Se divirta vendo elas se divertirem.
Não prometa nada. Se quer fazer o bem, simplesmente vá e faça.
Não se ampare em previsões, pseudo-profecias e "achologia". Que somente Deus seja seu Guia, sua Luz, seu Azimute.
Não permita que a religiosidade sufoque seu ser. Jesus nos alivia dos fardos, não impõe.
Fuja do pecado. De toda a aparência do mal. De tudo o que te afasta do Pai.
Não se canse de fazer o bem. Doe aos mais necessitados.
Alegre-se com os que se alegram, chore com os que choram.
Antes de tudo, procure ser reconhecido como servo do Deus Altíssimo. Não se apegue tanto a títulos terrenos.
Não descuide de sua vida espiritual. Alimente práticas que contribuam para estreitar sua comunhão com Jesus.
Trabalhe. Zele por seu nome. Não busque crescer utilizando pessoas como escada.
Seja um semeador da paz. Procure ajudar o próximo.
Ajunte tesouros no Céu. Os tesouros da Terra são corruptíveis, perecem. Os do Céu permanecem eternamente.
Acima de tudo, mantenha firme a fé no Todo-Poderoso.

"Com conselhos prudentes tu farás a guerra; e há vitória na multidão dos conselheiros." (Provérbios 24.6) 
Que em 2014 as bênçãos do Senhor sejam abundantes sobre sua vida. 
Soli Deo Gloria 
Alessandro Cristian

domingo, 22 de dezembro de 2013

O Nascimento de Jesus, um Cordel sobre o Natal

O Nascimento de Jesus, Um Cordel sobre o Natal.
Textos: Euriano Sales
Ilustrações: Meg Banhos
Locução e Edição: Euriano Sales
Trilha: Sa Grama
Licença padrão do YouTube

sábado, 9 de novembro de 2013

Trinta conselhos de John Frame para seminaristas e teólogos iniciantes

Esses conselhos foram publicados em Inglês no livro Falando a verdade em amor: a teologia de John Frameapós uma entrevista que ele deu a P. Andrew Sandlin. A pergunta feita a John Frame foi a seguinte: “Quais conselhos você daria a um seminarista ou teólogo iniciante enquanto eles se preparam para enfrentar seus desafios?” As repostas foram traduzidas por mim, com pequenas adaptações. Se preferir, veja a versão em inglês no blog de Andi Naselli.
Dr. John Frame é professor de teologia sistemática e filosofia no Reformed Theological Seminary em Orlando, após ter servido por 31 anos como professor no Westminster Theological Seminary, Califórnia.
  1. Considere a possibilidade de você não ter sido chamado para ser um teólogo. Tiago 3:1 nos lembra de que nem todos os que estão estudando teologia deveriam procurar ser mestres.
  2. Valorize seu relacionamento com Cristo, com sua família e com a igreja mais do que a sua carreira. Você influenciará mais pessoas por meio de sua vida do que pela sua teologia. As deficiências em sua vida acabarão negando a influência de suas ideias, mesmo as ideias que são verdadeiras.
  3. Lembre-se de que a tarefa fundamental da teologia é entender a Bíblia, a Palavra de Deus, e aplicá-la para as necessidades das pessoas. As demais coisas, sofisticação exegética, histórica e linguística, conhecimento da cultura e filosofias, tudo isso deve estar subordinado à tarefa fundamental acima. Se não estiver, você acabará sendo aclamado como um grande historiador, linguista, filósofo ou crítico da cultura, mas não como um teólogo.
  4. No cumprimento da tarefa acima, você tem a obrigação de saber argumentar. Pode parecer óbvio, mas muitos teólogos hoje parecem não ter a menor ideia de como fazer isso. Teologia é uma disciplina argumentativa e, por isso, você precisa ter um conhecimento suficiente de lógica e persuasão a fim de construir argumentos que sejam válidos, sadios e persuasivos. Na teologia, não basta demonstrar que você tem conhecimento da história, da cultura ou de outras áreas do saber.
  5. Não basta citar pessoas que concordam com você e criticar aquelas que discordam do seu ponto de vista. Você precisa saber formular um argumento em defesa daquilo que crê.
  6. Aprenda a escrever e falar de maneira clara e convincente. Os melhores teólogos são capazes de tomar um assunto complexo e explicá-lo numa linguagem simples. Nunca tente demonstrar que você é especialista numa área por meio de uma linguagem obscura e opaca.
  7. Cultive uma intensa vida devocional e ignore aqueles que o acusarem de uma falsa piedade. Ore sem cessar. Leia a Bíblia, não apenas como um texto acadêmico. Valorize todas as oportunidades de participar de cultos e reuniões de oração no seminário e aos domingos na igreja local. Dê atenção à sua “formação espiritual”.
  8. Um teólogo é essencialmente um pregador, exceto que ele se envolve ocasionalmente com assuntos mais “misteriosos” do que o pregador. Seja um bom pregador. Encontre uma maneira de fazer sua teologia falar aos corações das pessoas.  Encontre uma maneira de apresentar sua teologia de tal modo, que as pessoas ouçam a voz de Deus nela.
  9. Seja generoso com seus recursos. Gaste tempo conversando com seus alunos e aqueles que pretendem ser alunos. Doe livros e artigos. Não seja “mão fechada” no que tange a materiais com seus direitos autorais. Dê permissão para seu material ser copiado, sempre que for solicitado. Ministério em primeiro lugar, dinheiro em segundo.
  10. Ao criticar outros teólogos, denominações ou movimentos, siga a ética bíblica. Não chame uma pessoa de herege precipitadamente. Não acuse pessoas com termos do tipo “outro evangelho” (aqueles que pregam  um outro evangelho estão sob a maldição de Deus).  Não destrua a reputação das pessoas por meio de uma citação equivocada, fora do contexto, ou no pior sentido possível. Seja gentil e generoso a menos que você tenha razões fortíssimas para ser severo.
  11. Numa controvérsia, nunca se posicione, precipitadamente, de um lado do debate. Faça um trabalho analítico de ambas as partes. Considere estas possibilidades: a) os dois lados podem estar olhando para o mesmo assunto de perspectivas diferentes, mas não pensando de maneira diferente; b) ambos os lados podem estar despercebidamente desprezando um ponto que poderia fazê-los pensar em harmonia; c) eles estão tendo dificuldade de se comunicar um com o outro porque estão usando termos que têm sentidos múltiplos; d) pode haver uma terceira alternativa melhor do que as duas posições que estão sendo defendidas; e) ambas as opiniões na controvérsia, mesmo que genuínas, devem ser toleradas na igreja, assim como as diferenças entre vegetarianos e não vegetarianos em Rm 14.
  12. Quando você tiver uma grande ideia, não espere que as pessoas a entendam imediatamente. Não tente promover esta nova ideia a ponto de criar uma facção. Não entre em rivalidade com aqueles que por acaso não vierem a apreciar sua maneira de pensar. Dialogue com eles de maneira gentil, reconhecendo que você pode estar errado e não tem a humildade de reconhecer isso.
  13. Não seja impulsivamente crítico com qualquer coisa que venha de outras tradições religiosas. Seja humilde para reconhecer que outras denominações podem ter algo a lhe ensinar. Seja “ensinável” antes de começar a ensiná-los. Tire a trave dos seus olhos.
  14. Esteja preparado para avaliar criticamente a sua própria tradição. É uma ilusão pensar que uma tradição religiosa tem todas as verdades ou está sempre certa. Não seja um daqueles teólogos conhecidos por tentar fazer arminianos se transformarem em calvinistas (ou vice-versa).
  15. Olhe para os documentos confessionais de sua denominação com a perspectiva correta. Eles são, entre outras coisas, o fruto do trabalho de teólogos e devem ser avaliados e reformados, quando necessário, pela Palavra de Deus. Não assuma que tudo o que está nos símbolos de fé da sua tradição religiosa está decidido para sempre.
  16. Não deixe que o ciúme do sucesso de um colega determine as polêmicas nas quais você se envolve, ou o lado que você toma em tais polêmicas. Há muitos que são inclinados a ser completamente críticos de igrejas com mais de cinco mil membros.
  17. Não se torne conhecido como um teólogo que atira para todos os lados tentando acertar outros teólogos ou cristãos. Nossos inimigos são: satanás, o mundo e a carne.
  18. Mantenha-se vigilante com respeito aos seus instintos sexuais. Mantenha distância de qualquer pornografia na internet e relacionamentos ilícitos. Teólogos não são imunes a nenhum dos pecados nos quais outras pessoas caem.
  19. Seja um membro ativo na igreja local. Teólogos precisam dos meios da graça no mesmo tanto que os demais membros da igreja. Isto é especialmente verdadeiro quando você estuda em uma universidade secular ou seminário liberal. Você precisa do suporte de outros crentes para manter uma perspectiva teológica apropriada.
  20. Faça seu primeiro curso de teologia num seminário que ensine a Bíblia como Palavra de Deus. Procure familiarizar-se com a teologia das Escrituras antes de se expor (se for o caso) a formas de pensamentos não bíblicas.
  21. Aprenda a demonstrar apreciação pela sabedoria, até mesmo a sabedoria teológica, daqueles cristãos totalmente leigos. Não seja um daqueles teólogos que tem sempre algo negativo a dizer quando uma pessoa mais simples descreve sua caminhada com o Senhor. Frequentemente, pessoas simples como estas conhecem a Deus melhor do que você, e você precisa aprender deles, à semelhança do que fez Abraham Kuyper.
  22. Não seja um daqueles teólogos que se empolga com toda e qualquer novidade em política, cultura, hermenêutica e até mesmo teologia, e pensa que devemos reconstruir toda nossa teologia para se adequar a cada tendência.
  23. Tenha sempre um pé atrás com todas as “tendências” em teologia.  Quando você vir todo mundo entrando no mesmo vagão, seja feminismo, liturgia, pós-modernismo, ou qualquer outro “ismo”, este é o momento para você abrir os olhos e usar sua capacidade crítica. Não embarque em qualquer uma destas tendências antes de fazer a sua sondagem.
  24. Ao mesmo tempo, não rejeite uma ideia inovadora apenas por ser inovadora. Mais importante ainda, não rejeite uma ideia simplesmente porque ela não soa como aquilo que você está acostumado a ouvir. Aprenda a discernir entre o “som de uma ideia” e aquilo que a ideia realmente diz.
  25. Esteja sempre alerta para argumentos que recorrem a metáforas ou termos técnicos extrabíblicos. Não assuma que todos estes termos têm um sentido perfeitamente claro. Geralmente este não é o caso.
  26. Aprenda a ser crítico daqueles que são críticos. Estudiosos liberais ou não cristãos estão propensos a errar como qualquer outro – na verdade, são mais propensos.
  27. Respeite os mais velhos. Não existe nada mais prejudicial a um teólogo iniciante do que desprezar aqueles que têm atuado no campo por décadas. Discordar é cabível conquanto você reconheça a maturidade e as contribuições daqueles de quem você discorda. Tenha sempre 1Tm 5:1 no coração.
  28. Teólogos iniciantes geralmente se veem como o próximo Lutero. Olhe, é muito provável que Deus não o tenha escolhido para ser o líder de uma nova reforma, como nos dias de Lutero. Mesmo se este for o caso, nunca se intitule como “o reformador”; deixe que os outros decidam se isso é realmente o que você é.
  29. Decida cedo em sua carreira (após ter experimentado algumas vezes) no que você irá focar e no que não irá focar. Quando você começar a ter que considerar oportunidades, o saber quando dizer não é muito mais importante do que saber quando dizer sim.
  30. Nunca perca seu senso de humor (não apele). Perder o senso de humor é perder o senso de proporção. Nada é mais importante em teologia do que o senso de proporção.
Copiado de Daniel Santos Jr

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cortador, migrador, devorador e destruidor? Não podem estar falando sério...

Há algum tempo estou ensaiando para escrever esse texto, pois sei que é polêmico e fere um ensino errôneo que durante décadas tem sido passado de geração para geração nas igrejas. Não dá mais para protelar.
Prezados, sinceramente, não dá pra entender como alguém que se diz liberto por Cristo e, por conseguinte, livre da maldição da lei, ao mesmo tempo afirmar que aquele que não é dizimista, nos moldes do texto contido no capítulo 3 do livro do profeta Malaquias, é amaldiçoado.
Não dá para entender como alguém com um mínimo de discernimento, conhecimento bíblico e histórico pode acreditar e pregar usando os termos “cortador, migrador e devorador” totalmente fora do contexto, querendo aplicar um texto do Antigo Testamento como se tivesse um peso de decreto divino à igreja.

Mas o que são afinal de contas, à luz da Bíblia, esses nomes que causam tanto medo nos cristão incautos que frequentemente são submetidos a pressão psicológica com a menção dos mesmos? Simples. Quando a Bíblia diz “E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra” (Malaquias 3.11), em lugar de “devorador” leia-se como sinônimo a palavra “gafanhoto”.

E o cortador e o migrador, o que são? Também são gafanhotos. Isso fica claro após a leitura de Joel 1.4 (Almeida Revista e Atualizada): “O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor”.
Na ocasião, resumidamente, Judá havia acabado de ser devastada por uma praga de gafanhotos e o profeta Joel, inspirado pelo Espírito Santo exorta o povo a se voltar a Deus, em arrependimento, pois o juízo era iminente.
Mas aí os camaradas querem espiritualizar e afirmam que a nomenclatura supramencionada trata de classes de espíritos malignos que trabalham em desfavor daquele que não é dizimista. Alguns vão ainda mais longe e afirmam que é uma classe de demônios que, para estar imune, não adianta orar, jejuar, santificar a vida... Nada disso resolve. “Você só estará livre do devorador, do cortador e do migrador”, afirmam, “a partir do momento em que entregar seu dízimo”. Em uma breve navegação na web fiquei espantado com a imaginação dos "pastores" ao escrever sobre o tema. Eis o título de alguns artigos: "Os demônios gafanhotos", "Os exterminadores de riquezas", "Quebra da maldição dos gafanhotos", "Os gafanhotos do inferno" (!!??!!??), etc.
Esse dualismo, que coloca forças opostas no mesmo patamar que o Bem Supremo, acaba por negar: 1) a eficácia do sacrifício salvífico de Cristo; 2) a necessidade de constante oração e jejum; e 3) a necessidade de vigilância e santificação. Afinal, segundo se apregoa, só a entrega do dízimo pode proteger seu celeiro e (pasmem!) sua saúde. Tal doutrina espúria traz em seu bojo afirmações ameaçadoras, do tipo: “O dinheiro que você não entregar como dízimo na igreja acaba entregando na farmácia!”.
O que dizer então da máxima estampada nas paredes de incontáveis igrejas ao redor do mundo: “Dizimista fiel tem crédito no céu”.
Dessa forma, Deus acaba sendo tratado como um ser mitológico cuja ira, para ser aplacada, necessita de dinheiro, como alguns deuses pagãos para quem são atiradas moedas visando à proteção contra os males ou à realização de pedidos.
Definitivamente, Deus não está nem um pouco interessado em seu dinheiro, mas sim com a intenção de seu coração. Com as reais motivações que o levam a entregar a décima parte de seus proventos e a ofertar na igreja. Deus não está preocupado se você entrega pouco ou muito (exemplo clássico observa-se no texto de Lucas 21.1-4, sobre a viúva pobre), mas com a disposição de seu íntimo durante a entrega. Se estamos de fato preocupados com o progresso de Sua obra na Terra ou se contribuímos por obrigação, visando unicamente a retribuição divina. Se o meu e o seu dízimo tem sido dado em reconhecimento ao senhorio de Cristo sobre todas as áreas de nossa vida, inclusive de nossas finanças, ou se o fazemos como se quitando apenas mais um carnê mensal.

Qual é então o padrão do Novo Testamento para contribuição financeira? “Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (II Coríntios 9.6). Quer dar mais, dê. Sim, Deus ama ao que dá com alegria.

Quer dar menos? Não vai perder a salvação por isso, no entanto lembre-se que, se assim o fizer, estará implícita com sua atitude: 1) sua dúvida se Deus é ou não poderoso para suprir suas necessidades; e 2) sua despreocupação e negligência para com a obra.

“Ah, mas Mateus 23.23 fica no Novo Testamento e ali Jesus falou sobre o dízimo”, poderão afirmar alguns, como eu também já o fiz. Sim, no entanto:

1º) Embora o texto em apreço esteja registrado no Novo Testamento, Jesus dirigiu tais palavras aos judeus, que deviam cumprir a Lei. O Mestre ainda não havia sido crucificado, sepultado, e por isso (lógico) não havia ainda ressuscitado. Dessa maneira, claro está que não se vivia ainda na Dispensação da Graça, mas da Lei.

2º) A ênfase não está no dízimo em si, mas no desprezo ao “mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé”.
É fato que a Carta aos Hebreus também traz algumas vezes a palavra dízimo, mas sempre referenciando o “sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei)” (Hebreus 7.11), que não se aplica diretamente à igreja. Não é a intenção do escritor da epístola dissecar a doutrina veterotestamentária dos dízimos, mas sim expor a superioridade de Cristo.
Bom, por hora é só.
Agora é esperar as pedradas dos “teólogos” e “doutores da lei” presentes nas sinagogas malaquianas por muitos chamadas de igrejas...
PS: Sou dizimista. Por amor à obra do Senhor, e não por medo do "migrador, devorador e cortador".

Soli Deo Gloria

Alessandro Cristian (militar, graduado em Pedagogia, pós-graduado em Psicopedagogia Clínica e Institucional, pós-graduando em Estudos Teológicos, presbítero e incomodado com as distorções da Palavra e com as aberrações que andam sendo feitas em Nome de Deus)

sábado, 28 de setembro de 2013

Felizes são os tristes

Sim é isso mesmo. Por mais paradoxal que possa parecer, felizes são os tristes. E isso não é uma assertiva inconsequente e impensada que parte de um mero blogueiro. Também não se trata de uma frase de efeito pinçada de um dos incontáveis livros disponíveis no mercado que pretendem [sem sucesso] ser um manual de instruções para a vida.
Pelo contrário, tal afirmação tem origem n'Aquele que é a origem da vida, Aquele por meio de quem todas as coisas e todos os seres foram criados: Jesus Cristo. Sim, pode conferir nos Evangelhos (Mateus 5.4; Lucas 6.21).
É lamentável que, em nossa sociedade, o choro esteja ligado unicamente à tristeza. Reconheço que choro e tristeza se encontram intrinsecamente ligados, mas isso porque atentamos somente para o aqui e o agora. Nos esquecemos que, aqueles que hoje choram, no porvir serão consolados.
Penso ser impossível um homem nascido de novo não chorar nesse mundo. À vista de muitos, aí está mais um oxímoro, pois como muito se apregoa nos púlpitos brasileiros atualmente, o choro não combina com a vida de um filho de Deus, afinal, "você foi chamado para ser um vencedor", "dê um brado de vitória", "você é cabeça, e não cauda", e tantas outras afirmações e versículos bíblicos citados fora de contexto.
Tenho ojeriza a tal triunfalismo. Prefiro ficar com a Palavra de Deus, pura e simples. Estar em sintonia com o Pai não é viver de "oba-oba". É se lamentar pela incredulidade do mundo, como Jesus ao discursar a Jerusalém. É chorar como Jesus chorou ante a dor alheia. É sentir o coração contrito por saber que nesse momento, há uma mesa sem pão, há alguém sendo abusado, há alguém sendo explorado, há alguém sendo ferido, há uma clínica de aborto clandestina em operação, há alguém no poder lucrando com conchavos e negócios escusos, há alguém usando de má-fé para lucrar com a boa-fé do próximo. Tudo isso dói.
Interessante que não encontrei um versículo sequer na Bíblia afirmando que Jesus sorriu. Mas encontrei um afirmando que Jesus chorou. Isso nos ensina que a alegria proveniente do SENHOR se dá em outro nível. Não é essa que presenciamos na mídia. Não é essa tão propalada nas igrejas.
Desapontamentos e desilusões, conquistas e realizações. Eis os pratos da balança existencial. Convivamos com o fato de que nem sempre o pendor é aquele que esperamos.
Impossível, em sã consciência, também não reconhecer que a trajetória do homem nem sempre se dá em caminhos planos. Às vezes, ele se depara com obstáculos que, num primeiro vislumbre, podem parecer intransponíveis. Noutro momento, ele desce ao mais profundo e escuro abismo, lugar de agonia e desespero. Para ambas as situações, é imprescindível sabermos que há Alguém conosco nessa caminhada. Tanto nas alturas como nas zonas abissais. Tanto nos montes, como nos vales. Ele está conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. E há de nos consolar.
Mas sem "oba-oba".

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

domingo, 22 de setembro de 2013

Eu não preciso de muito dinheiro, graças a Deus......

A letra da canção popular* na qual está contido o verso em epígrafe foi gravada pela primeira vez em 1971. Faz alusão velada aos brasileiros em meio ao regime ditatorial então recém instalado no país. Mas esse verso especificamente sempre me chamou a atenção pelo fato de estar em consonância à Palavra de Deus. Um caso típico em que o compositor, num lampejo, recebe uma porção daquilo que chamamos de "graça comum" para transferir seus sentimentos para o papel.
A Bíblia traz farta quantidade de textos que, de maneira implícita ou explícita ratificam o verso em questão. Citemos alguns como exemplo:
"Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; Para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o SENHOR? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o nome de Deus em vão." (Provérbios 30:8-9)
"Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação." (Habacuque 3:17-18)
"Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade."
(Filipenses 4:11-12)

Poderia citar outros, mas creio que esses três textos bem ilustram a essência da vida cristã: independente de circunstâncias adversas, escassez ou fartura, tribulação ou bonança, devemos confiar em Deus e permanecer firmados em Sua Palavra. Adorá-lo e servi-lo por aquilo que Ele é, e não por aquilo que Ele pode nos dar.
Segui-lo por meros interesses materiais iguala o homem àqueles que em certa ocasião foram duramente criticados por Jesus: "Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes." (João 6:26)
Como bem disse o patriarca Jó, "ainda que ele me mate, nele esperarei." (Jó 13:15)
Com muito pesar temos presenciado muitos seguindo a Jesus somente com vistas ao material, àquilo que é tangível. Com dinheiro no bolso, está tudo bem. O dinheiro diminuiu, se deprime e deixa Deus de lado. Os que assim agem, na realidade servem ao dinheiro e a si próprios, e não a Deus.
Lembremos da recomendação Paulina registrada na Carta aos Colossenses, capítulo 3:1-3:
"Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;
Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus."
Outra recomendação do apóstolo:
"Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens." (I Coríntios 15.19)
Atentemos também para o alerta deixado pelo Mestre:
"Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." (Mateus 6:19-21)

Quanto a mim... Bom, eu não preciso de muito dinheiro, graças a Deus. Tenho um Pai que tem cuidado de mim e dos meus. Graças a Deus mesmo.
Obrigado, SENHOR.

* "Vapor barato", de Jards Macalé e Wally Salomão. Gravada por Gal Costa, O Rappa, Zeca Baleiro (excertos na canção "Flor da pele"), dentre outros.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 7 de setembro de 2013

Soberano Deus...

Soberano Deus
Meus dias são Teus
Atei-me a Ti
De mim me esqueci
Estou a Teus pés
Por tudo o que És
Bálsamo da alma
Presença que acalma
Verdadeiro e fiel
Deu-me paz e o Céu
Ter na mente o amigo
Eternamente comigo
Em frente vou
Temente sou
Agradecer-te convém
Com mui zelo. Amém.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 17 de agosto de 2013

Dez motivos pelos quais a pornografia deve ser evitada

1) Olhar uma mulher para a cobiçar equivale a cometer adultério. (Mateus 5.28)
2) O cristão tem a mente de Cristo, e Cristo é Santo. (I Coríntios 2.16)
3) O cristão não deve por coisa má diante de seus olhos. (Salmo 101.3)
4) Homens retos, íntegros e tementes a Deus firmaram aliança com seus olhos. (Jó 31.1)
5) O mercado pornográfico vende a ideia mentirosa de que todas as mulheres são fáceis e que todos os homens são garanhões em potencial. E mentira provém do diabo. (João 8.44)
6) A pornografia vicia e escraviza. Cristo liberta. (João 8.32, 36)
7) A pornografia faz com que o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26), seja visto como mero objeto para a satisfação pessoal.
8) Os olhos do homem são insaciáveis (Provérbios 27.20) e um abismo chama outro abismo (Salmo 42.7). Assim, a pornografia abre portas para pecados cada vez mais graves.
9) A pornografia ilude, uma vez que apresenta mulheres e homens de porte físico irretocável. Isso pode trazer descontentamento quando se compara o cônjuge com os atores.
10) A pornografia destrói lares e destrói vidas. Atores e atrizes de filmes de sexo explícito mormente contraem HIV e outras DST. O mesmo pode ocorrer com pais de família que, após assistirem as películas, recorrem à prostituição para a satisfação da lascívia.

PS 1: Óbvio que os motivos aqui apresentados não se constituem numa lista fechada. São apenas dez, dentre tantos outros que poderiam ser citados.
PS 2: Também não estou dizendo que é fácil. Mas façamos esforço para por em prática.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 10 de agosto de 2013

Pregação Pura e Simples - Stuart Olyott (Leitura recomendada)

O que é a Pregação? Por que algumas pregações são poderosas e cativantes, enquanto outras são enfadonhas e monótonas? Como você prepara seus sermões? O autor afirma que a pregação e a obra de Deus no mundo estão intimamente relacionadas: "O reino de Deus e a pregação são irmãos siameses que não podem ser separados. Permanecem de pé ou caem juntos". Este livro se baseia nos seminários sobre pregação realizado há vários anos na Suíça, Inglaterra e País de Gales. O autor insiste que um sermão tem de ser fundamentado em exatidão exegética e caracterizado por conteúdo doutrinário; ser cristocêntrico e ter autoridade sobrenatural. Também deve ser claro, cheio de vida, franco, eficiente e constrangedor. Este livro explica por quê. Na conclusão, o autor sugere um método de preparação de sermões.


Sinopse extraída do site da Editora Fiel.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 27 de julho de 2013

Um breve estudo sobre o divórcio

Antes de analisar biblicamente o assunto, vejamos um breve histórico sobre o divórcio em nosso país e contexto social.
Até o advento da Constituição Federal de 1988, o matrimônio era tido como indissolúvel – reflexo do cristianismo e, porque não ser mais específico, do catolicismo, religião dominante do país.
A CF de 1934, em seu artigo 144 trazia o seguinte texto: "A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado."
De igual maneira afirmava a CF de 1967, § 1º do artigo 167: "O casamento é indissolúvel". A CF de 1969, idem (§ 1º do artigo 175).
Em 1977 foi aprovada a Emenda Constitucional nº 09/1977, a qual alterou o texto da Constituição de 1969, permitindo que discussões fossem travadas em torno da aprovação da legislação infraconstitucional para disciplinar a dissolução do casamento.
Antes indissolúvel, a partir da aludida emenda o texto constitucional passou a ser o seguinte: "O casamento somente poderá ser dissolvido, nos casos expressos em lei, desde que haja prévia separação judicial por mais de três anos" (grifo meu).
Ainda em 1977 foi promulgada a Lei Federal n.º 6.515/77, a qual regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e dá outras providências. Embora muito criticado, tal diploma legal veio a ser um divisor de águas acerca do tema.
Já a CF de 1988 alterou o texto da Emenda supra, trazendo o seguinte texto: "O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos" (Artigo 226, § 6º).
Em 2002 entrou em vigor o Novo Código Civil – Lei 10.406/02, que disciplinou o assunto com a manutenção do procedimento prévio (separação judicial), ao lado do divórcio, com a possibilidade de ocorrer por conversão ou de forma direta, com a observância dos prazos legais.
Mais recentemente veio a lume a Emenda Constitucional nº 66/2010, que suprimiu a exigência da separação judicial para o divórcio, além de ter extinto o requisito do prazo para a propositura da ação, pondo fim às denominações divórcio direto e divórcio indireto, sendo este por conversão. A Emenda em questão suprimiu parte do § 6 do Artigo 226 da Carta Magna, acima citado, o qual passou a ter como redação apenas as seguintes palavras: "O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio".
Citemos ainda a Lei Federal n.º 11441/07, a qual alterou dispositivos da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, possibilitando a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa. Ou seja, o diploma legal em questão "desjudicializou" e trouxe celeridade aos processos de divórcio.
Agora vamos à Jerusalém de 2000 anos atrás, período em que Jesus, o Deus encarnado, esteve entre nós como homem. Pelo diálogo entre o Mestre e a mulher samaritana, observa-se o quão banalizado se encontrava o casamento – ou seja, isso não é de hoje que ocorre: "A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade." (Jo 4.17, 18)
Duas escolas rabínicas se destacavam naquele tempo: a do rabino Hillel e a do rabino Shammai.
Shammai era extremamente radical e, nesse sentido, afirmava que o divórcio só era legítimo em casos de adultério. Já Hillel "abria o leque", de maneira que, segundo ele, qualquer coisa justificava o divórcio.
Opina-se que, quando os fariseus se aproximaram de Jesus com a pergunta: "É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?" (Mateus 19:3), nas entrelinhas estavam questionando de qual escola Ele era partidário: de Hillel ou de Shammai. Porém o Mestre foi mais profundo, desconsiderou as escolas rabínicas e reivindicou a Palavra de Deus.
A divergência de opiniões quanto ao divórcio se dava principalmente pela dificuldade de interpretação de Deuteronômio 24.1: "Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente, far-lhe-á uma carta de repúdio (divórcio), e lha dará na sua mão, e a despedirá da sua casa."
O que "pega" é a definição de "coisa indecente". Enquanto para Shammai se tratava de adultério, para Hillel qualquer coisa poderia ser taxada como indecente, desde mau hálito até inabilidade na cozinha. Ou seja, segundo essa escola "qualquer motivo era motivo" para o divórcio.
Ressalte-se ainda que, se o marido constatasse após o casamento que a esposa não era mais virgem – ou seja, havia praticado sexo pré-marital – isso não se constituía somente em motivo de separação, mas também de apedrejamento da mulher (Deuteronômio 22.20-21). Segundo o Talmude, a pena de morte para os casos de adultério foi abolida por volta do ano 30 d.C.
Acerca da "coisa indecente", Jesus afirmou o seguinte: "Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite. Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério." (Mateus 5:31-32)
Ou seja, foi mais específico ao substituir os termos "coisa feia" ou "indecente" por "prostituição".
Assim, à luz do Novo Testamento podemos afirmar que duas exceções justificam o divórcio:
  1. Prática de prostituição/adultério ( Mt 5.31, 32);
  2. Impossibilidade de reconciliação entre os cônjuges em casais mistos, desde que a iniciativa seja da parte descrente (I Co 7.15).
Observamos também que, se porventura uma separação ocorrer, como tem acontecido por incompatibilidade de gênio e de natureza ou por outras questões domésticas usadas como justificativas, depois de esgotados todos os recursos para a reconciliação, o conselho é: "Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher". (I Co 7.11)
É fato que a cada dia cresce o número de divórcios e de tênues casamentos que não resistem ao primeiro terremoto. É fato também que, em certos casos, principalmente pela dureza de coração do homem, pela falta de humildade e diálogo, a relação descamba para terríveis e lastimáveis trocas de agressão verbal e física, em alguns casos culminando até mesmo com um homicídio.
Se um relacionamento tende a chegar a esse ponto, não podemos incorrer no farisaísmo de obrigar os dois a permanecerem juntos "até que a morte – ou assassinato – os separe". Afinal, nesse caso é melhor a separação do que o crime e a cadeia. Mas sem esquecer a recomendação paulina contida em I Co 7.11.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

Síntese da aula ministrada na Escola Bíblica Dominical em 09SET12.

sábado, 13 de julho de 2013

Provai e vede que o Senhor é bom...

Desde a infância, desenvolvemos nosso paladar, nossos gostos e preferências ao experimentar os alimentos que nos são oferecidos, ou colocados à nossa frente.
Certamente você já recusou algo, proferindo em seguida a assertiva "eu não gosto disso", sem sequer ter jamais experimentado. Em certo momento você decide provar aquele alimento e então percebe que estava perdendo de se deleitar com algo tão aprazível, simplesmente por desconhecimento e relutância em degustar aquele prato.
No âmbito espiritual, acontece isso de igual maneira.
O Salmo 34.8 nos orienta: "Provai, e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele confia."
O homem jamais saberá como é o Senhor, tampouco terá um vislumbre de sua bondade se não prová-lo. E uma vez que nós o provamos, como o Pão da Vida que é, jamais podemos deixar de tê-lo como alimento espiritual.
É inconcebível que alguém o tenha conhecido de fato e consiga ficar dias sem orar, sem buscá-lo através de sua Palavra e meditação, e sem a manutenção da comunhão com o Corpo de Cristo.
Assim como nosso corpo físico precisa do alimento cotidiano, também nosso espírito necessita ser nutrido pelo Espírito, receber a "vitamina" que vem de Deus, receber o Pão que desceu do céu.
Dentre os apóstolos que acompanharam o Mestre durante seu ministério terreno, três se destacam pela maneira como provaram a Deus.
Em primeiro lugar temos Judas que, definitivamente, não provou ao Senhor. Apesar de ter caminhado com Ele, o acompanhado e o auxiliado, não conheceu-o de fato. Quantos hoje estão nessa mesma situação: frequentam a igreja, ouvem a palavra e até se alegram em algumas ocasiões, mas não experimentaram a Cristo. Assim, ao sinal da primeira luta o abandonam e, se for preciso, até traem a Igreja e seu Líder Supremo, o Sumo Sacerdote, o Pastor de nossa alma. Não confundamos adesão com conversão.
Em segundo lugar, vemos o Pedro pré-conversão, homem impetuoso que não hesitava em usar a espada para defender Jesus, justamente porque não o conhecia. Lembremos das palavras do Senhor proferidas a Pedro quando o mesmo cortou a orelha de Malco: "Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?". Ou seja, se Pedro conhecesse que Aquele a quem ele seguia era o Todo-Poderoso, não teria se utilizado de expediente humano naquela ocasião e em nenhuma outra. Ressalte-se que o mesmo Pedro jurou fidelidade irrestrita a Jesus para, poucos momentos após, negá-lo três vezes. Havia provado Jesus apenas superficialmente.
Por fim, o terceiro exemplo é o apóstolo João, o único que seguiu a Cristo até aos pés da cruz.
Me pergunto se hoje estaríamos dispostos, como Igreja do Senhor, a caminhar com o Senhor da Igreja até as últimas consequências. Ou se o trairíamos à maneira de Judas, ou se o negaríamos à maneira de Pedro.
Provai e vede que o Senhor é bom...
Sejamos como João, indo com Cristo até o fim. Ou como Moisés, que mesmo após ter visto o Senhor libertando Israel com mão forte, tirando-os do Egito, abrindo o Mar Vermelho para passarem com o pés enxutos, os sustentando durante quarenta anos no deserto, mandando uma nuvem para os proteger do sol causticante durante o dia e uma coluna de fogo para guiá-los durante a noite, fazendo descer pão do céu e mandando codornizes para alimentá-los, fazendo brotar água da Rocha para saciar a sede da nação... Mesmo depois de tudo isso, clamou ao Senhor: "Rogo-te que me mostres a tua glória" (Êxodo 33.18).
Desejemos sempre mais de Deus. Estejamos sempre satisfeitos com o Senhor, mas nunca saciados.
Que o Senhor nos abençoe e nos ajude.

(Esboço de mensagem pregada em 02/06/12)

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 6 de julho de 2013

Um Engano Chamado "Teologia Inclusiva" ou "Teologia Gay"

O padrão de Deus para o exercício da sexualidade humana é o relacionamento entre um homem e uma mulher no ambiente do casamento. Nesta área, a Bíblia só deixa duas opções para os cristãos: casamento heterossexual e monogâmico ou uma vida celibatária. À luz das Escrituras, relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são vistas não como opção ou alternativa, mas sim como abominação, pecado e erro, sendo tratada como prática contrária à natureza. Contudo, neste tempo em que vivemos, cresce na sociedade em geral, e em setores religiosos, uma valorização da homossexualidade como comportamento não apenas aceitável, mas supostamente compatível com a vida cristã. Diferentes abordagens teológicas têm sido propostas no sentido de se admitir que homossexuais masculinos e femininos possam ser aceitos como parte da Igreja e expressar livremente sua homoafetividade no ambiente cristão.

Existem muitas passagens na Bíblia que se referem ao relacionamento sexual padrão, normal, aceitável e ordenado por Deus, que é o casamento monogâmico heterossexual. Desde o Gênesis, passando pela lei e pela trajetória do povo hebreu, até os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento, a tradição bíblica aponta no sentido de que Deus criou homem e mulher com papéis sexuais definidos e complementares do ponto de vista moral, psicológico e físico. Assim, é evidente que não é possível justificar o relacionamento homossexual a partir das Escrituras, e muito menos dar à Bíblia qualquer significado que minimize ou neutralize sua caracterização como ato pecaminoso. Em nenhum momento, a Palavra de Deus justifica ou legitima um estilo homossexual de vida, como os defensores da chamada “teologia inclusiva” têm tentado fazer. Seus argumentos têm pouca ou nenhuma sustentação exegética, teológica ou hermenêutica.

A “teologia inclusiva” é uma abordagem segundo a qual, se Deus é amor, aprovaria todas as relações humanas, sejam quais forem, desde que haja este sentimento. Essa linha de pensamento tem propiciado o surgimento de igrejas onde homossexuais, nesta condição, são admitidos como membros e a eles é ensinado que o comportamento gay não é fator impeditivo à vida cristã e à salvação. Assim, desde que haja amor genuíno entre dois homens ou duas mulheres, isso validaria seu comportamento, à luz das Escrituras. A falácia desse pensamento é que a mesma Bíblia que nos ensina que Deus é amor igualmente diz que ele é santo e que sua vontade quanto à sexualidade humana é que ela seja expressa dentro do casamento heterossexual, sendo proibidas as relações homossexuais.

Em segundo lugar, a “teologia inclusiva” defende que as condenações encontradas no Antigo Testamento, especialmente no livro de Levítico, se referem somente às relações sexuais praticadas em conexão com os cultos idolátricos e pagãos, como era o caso dos praticados pelas nações ao redor de Israel. Além disso, tais proibições se encontram ao lado de outras regras contra comer sangue ou carne de porco, que já seriam ultrapassadas e, portanto, sem validade para os cristãos. Defendem ainda que a prova de que as proibições das práticas homossexuais eram culturais e cerimoniais é que elas eram punidas com a morte – coisa que não se admite a partir da época do Novo Testamento. 

É fato que as relações homossexuais aconteciam inclusive – mas não exclusivamente – nos cultos pagãos dos cananeus. Contudo, fica evidente que a condenação da prática homossexual transcende os limites culturais e cerimoniais, pois é repetida claramente no Novo Testamento. Ela faz parte da lei moral de Deus, válida em todas as épocas e para todas as culturas. A morte de Cristo aboliu as leis cerimoniais, como a proibição de se comer determinados alimentos, mas não a lei moral, onde encontramos a vontade eterna do Criador para a sexualidade humana. Quando ao apedrejamento, basta dizer que outros pecados punidos com a morte no Antigo Testamento continuam sendo tratados como pecado no Novo, mesmo que a condenação capital para eles tenha sido abolida – como, por exemplo, o adultério e a desobediência contumaz aos pais.

PECADO E DESTRUIÇÃO
Os teólogos inclusivos gostam de dizer que Jesus Cristo nunca falou contra o homossexualismo. Em compensação, falou bastante contra a hipocrisia, o adultério, a incredulidade, a avareza e outros pecados tolerados pelos cristãos. Este é o terceiro ponto: sabe-se, todavia, que a razão pela qual Jesus não falou sobre homossexualidade é que ela não representava um problema na sociedade judaica de sua época, que já tinha como padrão o comportamento heterossexual. Não podemos dizer que não havia judeus que eram homossexuais na época de Jesus, mas é seguro afirmar que não assumiam publicamente esta conduta. Portanto, o homossexualismo não era uma realidade social na Palestina na época de Jesus. Todavia, quando a Igreja entrou em contato com o mundo gentílico – sobretudo as culturas grega e romana, onde as práticas homossexuais eram toleradas, embora não totalmente aceitas –, os autores bíblicos, como Paulo, incluíram as mesmas nas listas de pecados contra Deus. Para os cristãos, Paulo e demais autores bíblicos escreveram debaixo da inspiração do Espírito Santo enviado por Jesus Cristo. Portanto, suas palavras são igualmente determinantes para a conduta da Igreja nos dias de hoje.

O quarto ponto equivocado da abordagem que tenta fazer do comportamento gay algo normal e aceitável no âmbito do Cristianismo é a suposição de que o pecado de Sodoma e Gomorra não foi o homossexualismo, mas a falta de hospitalidade para com os hóspedes de Ló. A base dos teólogos inclusivos para esta afirmação é que no original hebraico se diz que os homens de Sodoma queriam “conhecer” os hóspedes de Ló (Gênesis 19.5) e não abusar sexualmente deles, como é traduzido em várias versões, como na Almeida atualizada. Outras versões como a Nova versão internacional e a Nova tradução na linguagem de hojeentendem que conhecer ali é conhecer sexualmente e dizem que os concidadãos de Ló queriam “ter relações” com os visitantes, enquanto a SBP é ainda mais clara: “Queremos dormir com eles”. Usando-se a regra de interpretação simples de analisar palavras em seus contextos, percebe-se que o termo hebraico usado para dizer que os homens de Sodoma queriam “conhecer” os hóspedes de Ló (yadah) é o mesmo termo que Ló usa para dizer que suas filhas, que ele oferecia como alternativa à tara daqueles homens, eram virgens: “Elas nunca conheceram (yadah) homem”, diz o versículo 8. Assim, fica evidente que “conhecer”, no contexto da passagem de Gênesis, significa ter relações sexuais. Foi esta a interpretação de Filo, autor judeu do século 1º, em sua obra sobre a vida de Abraão: segundo ele, "os homens de Sodoma se acostumaram gradativamente a ser tratados como mulheres."

Ainda sobre o pecado cometido naquelas cidades bíblicas, que acabaria acarretando sua destruição, a “teologia inclusiva” defende que o profeta Ezequiel claramente diz que o erro daquela gente foi a soberba e a falta de amparo ao pobre e ao necessitado (Ez 16.49). Contudo, muito antes de Ezequiel, o “sodomita” era colocado ao lado da prostituta na lei de Moisés: o rendimento de ambos, fruto de sua imoralidade sexual, não deveria ser recebido como oferta a Deus, conforme Deuteronômio 23.18. Além do mais, quando lemos a declaração do profeta em contexto, percebemos que a soberba e a falta de caridade era apenas um entre os muitos pecados dos sodomitas. Ezequiel menciona as “abominações” dos sodomitas, as quais foram a causa final da sua destruição: “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado. Foram arrogantes e fizeram abominações diante de mim; pelo que, em vendo isto, as removi dali” (Ez 16.49-50). Da mesma forma, Pedro, em sua segunda epístolas, refere-se às práticas pecaminosas dos moradores de Sodoma e Gomorra tratando-as como “procedimento libertino”.

Um quinto argumento é que haveria alguns casos de amor homossexual na Bíblia, a começar pelo rei Davi, para quem o amor de seu amigo Jônatas era excepcional, “ultrapassando o das mulheres” (II Samuel 1.26). Contudo, qualquer leitor da Bíblia sabe que o maior problema pessoal de Davi era a falta de domínio próprio quanto à sua atração por mulheres. Foi isso que o levou a casar com várias delas e, finalmente, a adulterar com Bate-Seba, a mulher de Urias. Seu amor por Jônatas era aquela amizade intensa que pode existir entre duas pessoas do mesmo sexo e sem qualquer conotação erótica. Alguns defensores da “teologia inclusiva” chegam a categorizar o relacionamento entre Jesus e João como homoafetivo, pois este, sendo o discípulo amado do Filho de Deus, numa ocasião reclinou a sua cabeça no peito do Mestre (João 13.25). Acontece que tal atitude, na cultura oriental, era uma demonstração de amizade varonil – contudo, acaba sendo interpretada como suposta evidência de um relacionamento homoafetivo. Quem pensa assim não consegue enxergar amizade pura e simples entre pessoas do mesmo sexo sem lhe atribuir uma conotação sexual.

“TORPEZA”
Há uma sexta tentativa de reinterpretar passagens bíblicas com objetivo de legitimar a homossexualidade. Os propagadores da “teologia gay” dizem que, no texto de Romanos 1.24-27, o apóstolo Paulo estaria apenas repetindo a proibição de Levítico à prática homossexual na forma da prostituição cultual, tanto de homens como de mulheres – proibição esta que não se aplicaria fora do contexto do culto idolátrico e pagão. Todavia, basta que se leia a passagem para ficar claro o que Paulo estava condenando. O apóstolo quis dizer exatamente o que o texto diz: que homens e mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza, e que se inflamaram mutuamente em sua sensualidade – homens com homens e mulheres com mulheres –, “cometendo torpeza” e “recebendo a merecida punição por seus erros”. E ao se referir ao lesbianismo como pecado, Paulo deixa claro que não está tratando apenas da pederastia, como alguns alegam, visto que a mesma só pode acontecer entre homens, mas a todas as relações homossexuais, quer entre homens ou mulheres.

É alegado também que, em I Coríntios 6.9, os citados efeminados e sodomitas não seriam homossexuais, mas pessoas de caráter moral fraco (malakoi, pessoa “macia” ou “suave”) e que praticam a imoralidade em geral (arsenokoites, palavra que teria sido inventada por Paulo). Todavia, se este é o sentido, o que significa as referências a impuros e adúlteros, que aparecem na mesma lista? Por que o apóstolo repetiria estes conceitos? Na verdade, efeminado se refere ao que toma a posição passiva no ato homossexual – este é o sentido que a palavra tem na literatura grega da época, em autores como Homero, Filo e Josefo – e sodomita é a referência ao homem que deseja ter coito com outro homem.

Há ainda uma sétima justificativa apresentada por aqueles que acham que a homossexualidade é compatível com a fé cristã. Segundo eles, muitas igrejas cristãs históricas, hoje, já aceitam a prática homossexual como normal – tanto que homossexuais praticantes, homens e mulheres, têm sido aceitos não somente como membros mas também como pastores e pastoras. Essas igrejas, igualmente, defendem e aceitam a união civil e o casamento entre pessoa do mesmo sexo. É o caso, por exemplo, da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos – que nada tem a ver com a Igreja Presbiteriana do Brasil –, da Igreja Episcopal no Canadá e de igrejas em nações européias como Suécia, Noruega e Dinamarca, entre outras confissões. Na maioria dos casos, a aceitação da homossexualidade provocou divisões nestas igrejas, e é preciso observar, também, que só aconteceu depois de um longo processo de rejeição da inspiração, infalibilidade e autoridade da Bíblia. Via de regra, essas denominações adotaram o método histórico-crítico – que, por definição, admite que as Sagradas Escrituras são condicionadas culturalmente e que refletem os erros e os preconceitos da época de seus autores. Desta forma, a aceitação da prática homossexual foi apenas um passo lógico. Outros ainda virão. Todavia, cristãos que recebem a Bíblia como a infalível e inerrante Palavra de Deus não podem aceitar a prática homossexual, a não ser como uma daquelas relações sexuais consideradas como pecaminosas pelo Senhor, como o adultério, a prostituição e a fornicação.

Contudo, é um erro pensar que a Bíblia encara a prática homossexual como sendo o pecado mais grave de todos. Na verdade, existe um pecado para o qual não há perdão, mas com certeza não se trata da prática homossexual: é a blasfêmia contra o Espírito Santo, que consiste em atribuir a Satanás o poder pelo qual Jesus Cristo realizou os seus milagres e prodígios aqui neste mundo, mencionado em Marcos 3.22-30. Consequentemente, não está correto usar a Bíblia como base para tratar homossexuais como sendo os piores pecadores dentre todos, que estariam além da possibilidade de salvação e que, portanto, seriam merecedores de ódio e desprezo. É lamentável e triste que isso tenha acontecido no passado e esteja se repetindo no presente. A mensagem da Bíblia é esta: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus”, conforme Romanos 3.23. Todos nós precisamos nos arrepender de nossos pecados e nos submetermos a Jesus Cristo, o Salvador, pela fé, para recebermos o perdão e a vida eterna.

Lembremos ainda que os autores bíblicos sempre tratam da prática homossexual juntamente com outros pecados. O 20º capítulo de Levítico proíbe não somente as relações entre pessoas do mesmo sexo, como também o adultério, o incesto e a bestialidade. Os sodomitas e efeminados aparecem ao lado dos adúlteros, impuros, ladrões, avarentos e maldizentes, quando o apóstolo Paulo lista aqueles que não herdarão o Reino de Deus (I Coríntios 6.9-10). Porém, da mesma forma que havia nas igrejas cristãs adúlteros e prostitutas que haviam se arrependido e mudado de vida, mediante a fé em Jesus Cristo, havia também efeminados e sodomitas na lista daqueles que foram perdoados e transformados.

COMPAIXÃO
É fundamental, aqui, fazer uma importante distinção. O que a Bíblia condena é a prática homossexual, e não a tentação a esta prática. Não é pecado ser tentado ao homossexualismo, da mesma forma que não é pecado ser tentado ao adultério ou ao roubo, desde que se resista. As pessoas que sentem atração por outras do mesmo sexo devem lembrar que tal desejo é resultado da desordem moral que entrou na humanidade com a queda de Adão e que, em Cristo Jesus, o segundo Adão, podem receber graça e poder para resistir e vencer, sendo justificados diante de Deus.

Existem várias causas identificadas comumente para a atração por pessoas do mesmo sexo, como o abuso sexual sofrido na infância. Muitos gays provêm de famílias disfuncionais ou tiveram experiências negativas com pessoas do sexo oposto.  Há aqueles, também, que agem deliberadamente por promiscuidade e têm desejo de chocar os outros. Um outro fator a se levar em conta são as tendências genéticas à homossexualidade, cuja existência não está comprovada até agora e tem sido objeto de intensa polêmica. Todavia, do ponto de vista bíblico, o homossexualismo é o resultado do abandono da glória de Deus, da idolatria e da incredulidade por parte da raça humana, conforme Romanos 1.18-32. Portanto, não é possível para quem crê na Bíblia justificar as práticas homossexuais sob a alegação de compulsão incontrolável e inevitável, muito embora os que sofrem com esse tipo de impulso devam ser objeto de compaixão e ajuda da Igreja cristã.

É preciso também repudiar toda manifestação de ódio contra homossexuais, da mesma forma com que o fazemos em relação a qualquer pessoa. Isso jamais nos deveria impedir, todavia, de declarar com sinceridade e respeito nossa convicção bíblica de que a prática homossexual é pecaminosa e que não podemos concordar com ela, nem com leis que a legitimam. Diante da existência de dispositivos legais que permitem que uma pessoa deixe ou transfira seus bens a quem ele queira, ainda em vida, não há necessidade de leis legitimando a união civil de pessoas de mesmo sexo – basta a simples manifestação de vontade, registrada em cartório civil, na forma de testamento ou acordo entre as partes envolvidas. O reconhecimento dos direitos da união homoafetiva valida a prática homossexual e abre a porta para o reconhecimento de um novo conceito de família. No Brasil, o reconhecimento da união civil de pessoas do mesmo sexo para fins de herança e outros benefícios aconteceu ao arrepio do que diz a Constituição: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento” (Art. 226, § 3º).

Cristãos que recebem a Bíblia como a palavra de Deus não podem ser a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma vez que seria a validação daquilo que as Escrituras, claramente, tratam como pecado. O casamento está no âmbito da autoridade do Estado e os cristãos são orientados pela Palavra de Deus a se submeter às autoridades constituídas; contudo, a mesma Bíblia nos ensina que nossa consciência está submissa, em última instância, à lei de Deus e não às leis humanas – “Importa antes obedecer a Deus que os homens” (Atos 5.29). Se o Estado legitimar aquilo que Deus considera ilegítimo, e vier a obrigar os cristãos a irem contra a sua consciência, eles devem estar prontos a viver, de maneira respeitosa e pacífica em oposição sincera e honesta, qualquer que seja o preço a ser pago.

[Artigo publicado na revista Cristianismo Hoje]
Texto do Reverendo Augustus Nicodemus Lopes
Fonte: O Tempora! O Mores!. Acesso em 06 de julho de 2013.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian