Basta acontecer uma tragédia natural no mundo e logo há reboliço nos círculos teológicos. Nos últimos anos, percebemos tal fato diante de algumas das catástrofes ocorridas ao redor do globo: o tsunami na Indonésia, o terremoto no Haiti e, na corrente semana, o terremoto seguido pelo tsunami no Japão, que motivou a presente postagem.
O referido abalo sísmico foi o 7º pior da história e o pior já registrado na história do Japão. Teve seu epicentro no Oceano Pacífico a 130 km da península de Ojika, no Japão, a uma profundidade de 24 km. Atingiu magnitude 8,9 na escala Richter, e ocorreu às 14h46 do dia 11 (hora local, 2h46 de Brasília). Foi seguido por, no mínimo, outros 52 fortes tremores de magnitude superior a 5. Milhares de vidas foram ceifadas.
Diante de tais fatos, muitos se apressam em atribuir o ocorrido à idolatria dos países assolados pelas tragédias naturais, apontando que seguem o deus "a", "b" ou "c", que suas práticas religiosas são contrárias à Palavra, que isso acontece porque não adoram ao Deus verdadeiro, porque estão sob maldição, etc, etc e etc. Nos impingem aquele lamentável blá-blá-blá religioso e farisaico, sem um mínimo vestígio da essência dos ensinos de Jesus.
Certa ocasião, alguns judeus questionaram o Mestre acerca dos galileus cujo sangue foi misturado por Pilatos aos seus sacrifícios. Jesus lhes respondeu: "Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão. Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão" (Lucas 13.2-5).
Longe de nós imaginarmos que, pelo fato de que estamos trilhando o Caminho, estamos livres de contingências. No mundo tereis aflições. Em todos os âmbitos da vida.
Se de fato a idolatria fosse causa de tragédias naturais, o território brasileiro há muito já teria sido subvertido, haja vista as práticas espúrias do pseudoevangelho aqui reinante (Sim, há exceções. Não estou generalizando).
Deus nos livre de pensarmos que somos melhores que os indonésios, os haitianos, os japoneses, ou quaisquer outros povos. Deus nos livre do ufanismo religioso e da religiosidade vã. Deus nos livre de acreditarmos que já somos santos e ortodoxos o suficiente. Deus nos livre de impor a Ele a obrigação de nos colocar em uma bolha de plástico intransponível. A Bíblia nos assevera que "Todos partilham um destino comum: o justo e o ímpio, o bom e o mau, o puro e o impuro, o que oferece sacrifícios e o que não oferece. O que acontece com o homem bom, acontece com o pecador; o que acontece com quem faz juramentos, acontece com quem teme fazê-los" (Eclesiastes 9.2).
Prezados, num momento como esse, de angústia, tristeza, pranto, luto, não se deve perder tempo com conjecturas e teologia de quinta categoria. Se deve apenas consolar os que ficaram, e orar para que Deus os conforte, os fortaleça e os ajude a lidar com a dor da perda. Então, oremos.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian