O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

domingo, 29 de agosto de 2010

Santo Antão e a empáfia espiritual

Conta-se que Antão do Egito (ou Antão do Deserto, ou Santo Antão, para os católicos) era filho de pais piedosos e ricos, tendo revelado desde a infância desejo de atingir a perfeição religiosa.
Com 20 anos de idade, perdeu os pais. Em certa ocasião, inspirado pelas palavras de Jesus: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me” (Mt 19.21), passou a viver como um asceta: retirou-se para o deserto e iniciou uma vida de oração e trabalho.
Recluso no deserto, o inimigo passou então a afligi-lo com incômodos espirituais e corporais diversos, os quais foram combatidos com oração e penitência.
Depois de incontáveis investidas sem sucesso, o inimigo retirou-se. Foi aí então que Antão, afirmou aliviado:
- Enfim, consegui resistir a todas as tentações!!! Doravante, posso me considerar um santo!
No entanto, não sabia ele que o adversário estava ainda próximo, a ponto de conseguir ouvi-lo. E ouvindo-o, sorriu e disse:
- Aháááááá! Enfim te peguei!!!

Moral da história: quando você, cheio de empáfia espiritual e autosuficiência começa a se achar muito santo, o inimigo está é rindo da sua cara.
Não se esqueça, amado:
- a santificação é um processo que se inicia no momento da justificação;
- na conversão, somos libertos da condenação do pecado; na santificação diária somos libertos do jugo e das consequências do pecado; e na glorificação, seremos enfim libertos da presença do pecado.
Nunca é demais lembrar:
“Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair”. (I Co 10.12) “Quando o Diabo acabou de tentar Jesus de todas as maneiras, foi embora por algum tempo”. (Lucas 4.13)
“Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo? Bom é que retenhas isso e também disso não retires a tua mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isso”. (Eclesiastes 7.16-18)
Que o Senhor nos abençoe e nos livre de todo o mal...
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian
Postagem já publicada também no Genizah.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Estou lendo... E Recomendo! (7)

Fundamentos inabaláveis - Norman Geisler e Pete Bocchino
Hoje a verdade é um conceito impopular. A cultura deste século a tem trocado pelos escorregadios caminhos do relativismo e do pluralismo, nos quais a opinião pessoal e os sentimentos contam mais que a verdade universal.
Entretanto, a verdade é muito mais que um modismo – ela é imutável. Em Fundamentos inabaláveis, Norman Geisler e Peter Bocchino mostram como é importante distinguir a diferença entre o que é uma questão de preferência e aquilo que é um princípio absoluto. De forma clara e acessível, eles ensinam o povo de Deus a responder às inevitáveis controvérsias que surgem desta discussão.
A cultura secular declarou guerra ao cristianismo. Para fornecer respostas convincentes, os cristãos precisam desenvolver uma visão de mundo mais apurada — uma maneira de compreender o que está se passando ao nosso redor sob uma perspectiva menos superficial. Este livro não proporciona apenas respostas convincentes sobre assuntos polêmicos, mas também a oportunidade de transformar vidas quando se enxerga o mundo através das lentes da verdade.
Fundamentos inabaláveis é repleto de ilustrações e analogias que explicam de forma objetiva temas como:
Lógica – Visões de mundo – Ciência – Macroevolução – Direito – Justiça – O mal – História – Jesus – Ética – O céu – O inferno – Aborto – Eutanásia – Questões da Biomedicina e genética – Clonagem.
Sinopse extraída do site da Editora Vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Eu não quero me apaixonar por Jesus

Na presente postagem quero consignar, em breves palavras, o motivo pelo qual não sou apaixonado por Jesus, tampouco quero me apaixonar por Ele.
Primeiramente porque a paixão, no sentido a que ora me refiro, é sempre temporária. Por maior que seja a intensidade com que aflora, tende a paulatinamente diminuir até desaparecer. Durante sua permanência traz insegurança, ansiedade e ciúmes excessivos, que por sua vez pode acarretar as mais indesejáveis (em sã consiência) ânsias.
Na paixão imperam as emoções, ficando tolhida a razão. Isso pode trazer a cegueira quanto à realidade, deixando o apaixonado numa dimensão em que pode imaginar que o mundo gira em redor de seu próprio umbigo.
Há cerca de um século, cientistas descobriram a feniletilamina, uma substância produzida pelo corpo humano e associada à paixão.  De acordo com pesquisas, o cérebro a produz mediante alguns eventos, como por exemplo o contato físico ou mesmo um simples olhar. Há outras substâncias relacionadas à paixão, como a dopamina e a ocitocina.
Trocando em miúdos, a paixão nada mais é que a consequência de uma reação química que ocorre no organismo e, segundo estudos, dura cerca de seis meses (às vezes um pouco mais, outras vezes um pouco menos).
Definitivamente, não sou apaixonado por Jesus. Até porque Ele nunca perguntou pra ninguém: "Estás apaixonado por mim?". Não é isso que Ele quer saber, mas sim se o amamos. Isso Ele perguntou a Pedro e pergunta a cada um de nós. Independente do fato de que na maioria das vezes nosso amor é ínfimo. Ele bem conhece nossas limitações, e sabe que nosso amor está muito aquém do que Ele merece. Mas importa que o amemos.
A paixão pode levar uma pessoa a matar por outra. Já o amor leva uma pessoa a morrer por outra.
A paixão é passageira, efêmera. Já o amor é progressivo e duradouro. No caso d'Ele, o amor  que tem por mim e por você é Eterno.
Sim, meu amor é limitado, e Ele sabe. Mas melhor amar com esse amor limitado (mas  progressivo) do que estar apaixonado.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

As teclas de atalho e o texto de nossa existência

Na sociedade hodierna, a qual se encontra altamente informatizada, de modo a tornar mais fácil e dar maior agilidade à produção de documentos foram criadas algumas teclas de atalho extremamente úteis para os usuários de computador. Figuradamente (óbvio) é possível aplicarmos os princípios imanentes a essas funções à nossa existência enquanto filhos de Deus. Vejamos:
Ctrl + C: deve ser utilizado sempre que desejamos copiar atos, atitudes, ações e palavras observadas em nós mesmos, em outrem e, sobretudo em Jesus. D’Ele, aliás, devemos copiar tudo, sem ressalvas. 
Ctrl + V: recurso a ser utilizado em conjunto com o anterior. Para as situações supra e, para “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor”(1) deve ser usado à vontade.
Ctrl + X: sempre que intentar recortar um plano, intenção ou projeto para colocá-lo mais adiante no texto de sua existência, utilize essas teclas. Por vezes se faz necessário o uso de tal recurso, sobretudo após revermos situações e possibilidades, uma vez que Deus é quem sabe o pensamento que tem a nosso respeito; pensamento de paz e não de mal, para nos dar o fim que esperamos (2). Devemos ter a humildade de reconhecer que não é a nossa vontade que deve ser feita, mas a d’Ele. E situações há em que Ele quer que ponderemos e apertemos o Ctrl + X em nossos intentos para colocarmos em ação o Ctrl + V mais adiante.
Ctrl + R: utilize sem reservas após selecionar as passagens mais preciosas e inspiradas de sua trajetória, principalmente seus momentos em companhia dos entes queridos, seus momentos de busca e intensa comunhão com o Pai. Para esses, aliás, mantenha sempre pressionado o Ctrl + R. Mas, atenção: nunca utilize essas teclas quando se trata das passagens do texto que tratam de seus deslizes.
Ctrl + L e Ctrl + U: ou localizar e substituir. Se porventura vierem momentos de angústia, aperte o Ctrl + L e localize os momentos em que a bondade de Deus foi manifesta em sua vida. Verás quantas ocorrências serão encontradas; e então, perceba que não há motivo para desanimar, nem se deixar abater. O amor do Pai sempre sobressairá em sua vida. Basta querer enxergar. Substitua a tristeza e a aflição pela paz, e alegria no Espírito Santo, provenientes de Deus Pai.
Ctrl + T: teclas usadas quando se quer selecionar todo o texto. Utilizá-las a todo instante corresponde a viver intensamente. Sua vida é única (Hb 9.27). Sobretudo se você a vive na presença do Todo Poderoso, permita-se imergir na Eternidade. Que cada momento vivido corresponda a uma prévia do porvir.
Ctrl + Z: sabemos que basta usar esse comando e o computador faz retroceder, passo a passo, o trabalho até então realizado. Já na vida, esse artifício não pode ser utilizado. Deus não permite a utilização desse atalho por uma simples razão: é nosso dever sermos responsáveis por aquilo que fazemos, dizemos ou pensamos. Conquanto Cristo “delete” nossas dívidas para com o Criador no momento em que n’Ele cremos como único e suficiente Senhor e Salvador, as consequências ficam. E elas podem vir sob a forma de uma gravidez prematura, um casamento jogado fora, uma pena a ser cumprida por uma transgressão às leis. Portanto, muito cuidado com aquilo que você escreve nas linhas e entrelinhas do texto de sua vida. A vida não pode ser cancelada. Ctrl + Z, sem chance. No entanto, Deus sempre nos dá a oportunidade de um recomeço. De continuarmos digitando nossa vida sob sua direção.
Ctrl + Y: tecle esse atalho em seus momentos de meditação. Vá para o cabeçalho e observe que você só está em pé porque o SENHOR está acima de tudo no texto de sua vida. Vá para as seções e linhas de sua existência e contemple as mãos de Deus sempre a te conduzir e amparar. Vá para as notas de rodapé e observe o que está consignado: “Mais uma página finda com êxito, porque até aqui me ajudou o SENHOR”.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

1. Filipenses 4.8; 2. Jeremias 29.11

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Enquanto a religião é ópio, Jesus Cristo é bálsamo...

Vivemos num mundo religioso ao extremo. Todos, de alguma forma procuram se apegar a uma divindade na expectativa de obter dias melhores ou, ao menos, dias mais amenos. Dias menos ruins que os de outrora, que os anteriormente vividos. Ou seja, esperam obter, proveniente de um deus ou de deuses, uma vida melhor.
Mas o que é, afinal, religião? Etimologicamente falando, encontramos sua raiz na palavra religare, proveniente do latim, cuja tradução literal é “religar”. Isso nos dá a ideia de que religião é uma forma de o homem se religar com seu Criador.
Segundo os dicionários, religião é a "crença na existência de força ou forças sobrenaturais; manifestação de tal crença pela doutrina e ritual próprios".
Para Karl Marx a religião é o ópio do povo, célebre afirmação contida em sua obra “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, publicada em 1844. Antes de tal assertiva, afirma que “(...) a religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de si do homem, que ou não se encontrou ainda ou voltou a se perder”. Ao menos nisso, devo concordar com o aludido filósofo ateu. Isso porque entendo que, de fato, religião é o refúgio das pessoas que ainda não se encontraram, justamente porque ainda não encontraram Cristo. Como afirmou Agostinho: "Oh, Deus! Inquieto bate o meu coração até que possa descansar em Ti". Ou Dostoiévsky: "O coração do homem tem um vazio do tamanho de Deus"
Um dos hinos da harpa cristã define, em suas entrelinhas e à maneira do compositor sacro, o que é a religião: “(...) meios de salvar-se inventa: clama, roga em seu favor a supostos mediadores (...)”.
Religião é uma tentativa vã de se decodificar o mundo, ou os mundos, e tudo o que neles há. Digo os mundos porque nada escapa de tais decodificações, sejam as coisas tangíveis, sejam as intangíveis: o homem, os elementos da natureza, os planetas, os céus, a alma, o bem, o mal, os anjos e, pasmem, até Deus! Sim, a religião tenta definir até mesmo Deus. Ou seja, tentam definir o indefinível. Fala-se de Deus como se Deus fosse algo de que se pode falar. Mas Deus transcende a tudo. Se consegue-se definir um deus, não é Deus. Deus ultrapassa todo e qualquer entendimento humano. Nunca nessa vida conseguiremos entender Deus em sua plenitude.
Religião é o homem tentando se aproximar de Deus por seus próprios méritos. Em vão. Nunca conseguirá.
Mas Deus providenciou uma forma de nos religarmos a Ele, ao entregar Seu Filho Jesus para o Sacrifício Perfeito. Para morrer substitutivamente uma morte que eu e você merecíamos.
Enquanto Jesus nos alivia (Mt 11.28), a religião impõe pesados fardos. Enquanto Jesus traz paz, a religião traz obrigações. Enquanto Jesus quer nossa sinceridade, a religião quer sacrifícios. Enquanto Jesus dá perdão, a religião aponta e condena. Enquanto Jesus olha para o coração, para o interior, a religião demonstra uma incrível preocupação com o exterior. Enquanto Jesus fala conosco com Sua terna voz, a religião apresenta incontáveis dogmas, regras, regulamentos. Enquanto Jesus, que é Deus, nos apresenta Seus mandamentos e não coage ninguém a obedecê-los, a religião tenta forçar a obediência a mandamentos elaborados por homens.
Por essas e outras estou cada vez mais convicto das verdades bíblicas e, por conseguinte, a cada dia tenho mais aversão a religião. Definitivamente: de religião eu quero é distância. 
Mais Jesus, menos religião!
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian