Sim
é isso mesmo. Por mais paradoxal que possa parecer, felizes são os
tristes. E isso não é uma assertiva inconsequente e impensada que
parte de um mero blogueiro. Também não se trata de uma frase de
efeito pinçada de um dos incontáveis livros disponíveis no mercado
que pretendem [sem sucesso] ser um manual de instruções para a vida.
É
lamentável que, em nossa sociedade, o choro esteja ligado unicamente
à tristeza. Reconheço que choro e tristeza se encontram
intrinsecamente ligados, mas isso porque atentamos somente para o
aqui e o agora. Nos esquecemos que, aqueles que hoje choram, no porvir serão
consolados.
Penso
ser impossível um homem nascido de novo não chorar nesse mundo. À
vista de muitos, aí está mais um oxímoro, pois como muito se
apregoa nos púlpitos brasileiros atualmente, o choro não combina
com a vida de um filho de Deus, afinal, "você foi chamado para
ser um vencedor", "dê um brado de vitória", "você
é cabeça, e não cauda", e tantas outras afirmações e
versículos bíblicos citados fora de contexto.
Tenho
ojeriza a tal triunfalismo. Prefiro ficar com a Palavra de Deus, pura
e simples. Estar em sintonia com o Pai não é viver de "oba-oba".
É se lamentar pela incredulidade do mundo, como Jesus ao discursar a
Jerusalém. É chorar como Jesus chorou ante a dor alheia. É sentir
o coração contrito por saber que nesse momento, há uma mesa sem
pão, há alguém sendo abusado, há alguém sendo explorado, há
alguém sendo ferido, há uma clínica de aborto clandestina em
operação, há alguém no poder lucrando com conchavos e negócios
escusos, há alguém usando de má-fé para lucrar com a boa-fé do
próximo. Tudo isso dói.
Interessante
que não encontrei um versículo sequer na Bíblia afirmando que
Jesus sorriu. Mas encontrei um afirmando que Jesus chorou. Isso nos
ensina que a alegria proveniente do SENHOR se dá em outro nível.
Não é essa que presenciamos na mídia. Não é essa tão propalada
nas igrejas.
Desapontamentos
e desilusões, conquistas e realizações. Eis os pratos da balança
existencial. Convivamos com o fato de que nem sempre o pendor é
aquele que esperamos.
Impossível,
em sã consciência, também não reconhecer que a trajetória do
homem nem sempre se dá em caminhos planos. Às vezes, ele se depara
com obstáculos que, num primeiro vislumbre, podem parecer
intransponíveis. Noutro momento, ele desce ao mais profundo e escuro
abismo, lugar de agonia e desespero. Para ambas as situações, é
imprescindível sabermos que há Alguém conosco nessa caminhada.
Tanto nas alturas como nas zonas abissais. Tanto nos montes, como nos
vales. Ele está conosco todos os dias, até a consumação dos
séculos. E há de nos consolar.
Mas
sem "oba-oba".
Soli
Deo Gloria
Alessandro
Cristian