O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Definitivamente, você não é flor que se cheire...

Por vezes me pego questionando o porquê do amor de Deus por mim e por você.
Como Ele pode me amar se “em mim, isto é, na minha carne não habita bem algum” (Rm 7.18)?  Definitivamente, eu e você não merecemos o amor de Deus, afinal “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Sabemos que “não há um justo, nem um sequer” (Rm 3.10). A Palavra nos compara ao imundo, e as nossas justiças a trapos de imundícia (Is 64.6).
A pergunta que não cala: porquê então, Ele nos ama? Certamente não é por sua aparência, pela cor de seus olhos, por seu carro do ano, por sua roupa social engomada, por seu terno novo, muito menos por sua conta bancária. Em suma, em nós não há absolutamente nada que nos torne dignos de receber o amor de Deus.
Fato é que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). De tal maneira, com um amor imensurável. Simplesmente porque Ele é amor (I Jo 4.16). E esse amor que Ele tem por nós não é um amorzinho qualquer, mas sim um amor eterno.
Deus é amor. Deus é eterno. Logo, o amor de Deus é eterno. Sendo esse amor imanente à Sua Pessoa, não teve início e tampouco terá fim. Deus vive num constante agora; sendo Ele o Criador de todas as coisas, inclusive do espaço/tempo, não pode estar sujeito ao espaço/tempo como nós estamos. Dessa maneira, Ele vê, como que no mesmo instante, a sua dor de ontem, sua busca e seu clamor de hoje e a vitória que Ele vai te dar amanhã.
Além de eterno, o amor de Deus é incondicional. Isso quer dizer que, diferente do ser humano, Ele não impõe condições para nos amar. Nos ama e ponto final. Parafraseando certo escritor, podemos afirmar que não há nada que possamos fazer para que Deus venha a nos amar mais, mas também não há nada que possamos fazer para que Deus venha a nos amar menos. A Palavra diz que “Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).
Definitivamente, você não é flor que se cheire. Nem eu. Ainda assim, Ele ama a todos indistintamente. A mim, a você, a todos. Embora não mereçamos. Provemos que somos Seus filhos, imitando-O. Amando-O, e amando-nos uns aos outros.
Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cristologia: tentando definir o indefinível...


É engraçado... Nos três primeiros séculos da era cristã, os seguidores de Jesus o adoravam independente de definições. No entanto, muito embora já tivessem certa noção acerca da natureza d'Ele, bem como a consciência de Sua imutabilidade e da existência do Pai, do Filho e do Espírito Santo à luz das Escrituras, sempre houve a busca de uma fórmula que viesse a definir Jesus de maneira satisfatória aos anseios do pensamento do homem.
Por volta do ano 315 um presbítero chamado Ário passa a defender a tese de que Jesus não é eterno, mas apenas uma criatura do Pai. Afirmava que Cristo era sim, um instrumento de Deus, mas não possuía natureza divina.
Para por fim às disparidades de opinião acerca da pessoa do Messias, no ano 325 o imperador Constantino convocou o Concílio de Nicéia, de onde surgiu o Credo Niceno, talvez a primeira tentativa extrabíblica documentada (mas biblicamente embasada) de se definir Jesus.
Tem sido assim ao longo dos séculos.
Doutrinas sobre Deus são criadas com o intuito de fazer com que o Eterno se encaixe no temporal. Com que o inexplicável caiba na mente humana. Com que palavras venham a exprimir o inexprimível.
Assim é querer esclarecer como é Jesus. É querer explicar o inexplicável. Definir o indefinível. Compreender o incompreensível. Dizer o indizível.
E nesse afã, por vezes o homem acaba “coisificando” Jesus. Colocando-o numa caixinha com um rótulo.... Diminuindo o Criador à condição de criatura. Moldando-o à maneira daquilo que queremos que Ele seja.
Como disse Agostinho de Hipona: “Por mais altos que forem os voos do pensamento, Deus está ainda para além. Se compreendeste, não é Deus. Se pudeste compreender, compreendeste não Deus, mas apenas uma representação de Deus. Se pudeste quase compreender, então foste enganado pela tua reflexão.”
Ou seja... Não venhamos a confundir ou acreditar que Jesus só é aquilo sobre o qual os cristãos nos falaram. Tampouco Ele é aquilo que eu e você lemos nos manuais de teologia, ou o que os teólogos concluíram que Ele é, após calorosos debates. É muito mais. Ele transcende toda e qualquer explicação que o nosso limitado raciocínio possa cogitar.
Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian
(Ilustração: Cristo crucificado, de Salvador Dali)