O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
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sábado, 14 de fevereiro de 2009

O cristão e a eutanásia

O caso da italiana Eluana Englaro, falecida em uma clínica localizada em Udine (nordeste da Itália) em 09 de fevereiro de 2009, quatro dias após os médicos retirarem a sonda que a alimentava artificialmente, trouxe novamente à tona um polêmico tema: a eutanásia.

A história em comento foi amplamente noticiada pela imprensa mundial. Façamos uma breve recapitulação do caso: Eluana foi vítima de um acidente de trânsito em 1992, e a partir daí permanecia em coma. À época do acidente tinha 21 anos, e permaneceu por 17 em estado vegetativo irreversível. Em novembro de 2008, seus pais conseguiram na Justiça uma autorização para a filha pudesse morrer. Em 06 de fevereiro, a alimentação de Eluana foi suspensa, tendo dessa maneira se iniciado o procedimento de eutanásia. Faleceu aos 38 anos.

Mas vejamos o que vem a ser eutanásia. Quanto à raiz etimológica, eutanásia é uma palavra de origem grega, resultado da soma de eu, que quer dizer bom/boa e thanatos, que significa morte. Ou seja, eutanásia quer dizer boa morte, ou “morte sem sofrimento”. Sua prática consiste em tirar a vida de uma pessoa para livrá-la dos sofrimentos que a está afligindo por causa de alguma doença incurável ou irreversível.

A eutanásia passiva é uma medida moralmente aceitável, na opinião geral. Essa forma de aliviar o sofrimento humano consiste no desligamento de máquinas e aparelhos capazes de manter artificialmente a vida do paciente. Neste caso, a vida humana está sendo possível por meios artificiais. Geralmente, quando a pessoa chega a esse estágio é sinal de que o cérebro entrou em colapso e apenas o coração e a respiração estão sendo mantidos por meio de máquinas e aparelhos. 
Já a eutanásia ativa é a interrupção deliberada da vida biológica, e não o mero desligamento de aparelhos e máquinas. A realização desse tipo de eutanásia é um assunto plenamente discutido. Geralmente é praticada quando o paciente está sofrendo muito e os medicamentos usados para aliviar a sua dor não surtem mais o efeito desejado. Ao ver o ente querido nesse quadro clínico irreversível, a família do paciente sofre junto com ele, porque esse terrível sofrimento pode arrastar-se por meses ou anos. A morte, então, torna-se a melhor saída para aliviar a dor paciente. Como o seu falecimento pode demorar e ele permanecer agonizando, a família decidi então antecipar a sua morte para amenizar a sua dor. (1) 


A eutanásia no Brasil:

O Artigo 5º da nossa Constituição Federal traz em seu caput o seguinte texto:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (grifo meu).

Ou seja, o direito à vida, que vem no topo do rol dos direitos fundamentais do homem, como tal é um direito supremo e inviolável, sem o qual não existiriam os demais direitos fundamentais. É inerente ao ser humano, devendo ser tutelado por lei.

Dessa maneira, entendemos que a vida de um ser humano não poderá ser abreviada em circunstância alguma, pois tal ato constitui-se num ato ilícito. E inconstitucional.


E a Bíblia, diz algo sobre a eutanásia?

Em Eclesiastes 8.8a lemos que “Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito, para reter o espírito; nem tem poder sobre o dia da morte...”. Já na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios está escrito que ... quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (I Co 15.54,55).

Destarte, com base nesses versículos, e na Palavra de Deus como um todo, vemos que o SENHOR tem a palavra final sobre a morte e a vida.  

Mas, conquanto não haja na Bíblia Sagrada nenhuma alusão direta à eutanásia, há incontáveis referências ao valor da vida, que é uma dádiva preciosa de Deus: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine ... sobre toda a terra.  E criou Deus o homem à sua imagem... E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a ...” (Gênesis 1.26-28). 

Em Gênesis 9.5,6 vemos que a vida é sagrada: “E certamente requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; da mão de todo animal o requererei, como também da mão do homem e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem”.

Enquanto a vida eterna é um dom gratuito de Deus, a morte não é o fim e nem uma fuga ao sofrimento: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6.23). 

Com sua restrita visão, o ser humano não pode querer determinar seus passos por aquilo que espera, uma vez que quem define o final é Deus: “... todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mateus 26.39).

O mais importante é que saibamos que não cabe a nós tirar a vida do semelhante, mas preservá-la. Que Deus nos livre de todo o mal. Busquemos a orientação e a presença de Deus, pois só Ele pode nos orientar e nos dar a Sua força para superarmos situações e tomarmos decisões.

"Soli Deo Gloria"

Alessandro Cristian


Citações bíblicas extraídas da Bíblia de Estudo Pentecostal, versão Almeida Revista e Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

(1) Fonte: www.cacp.org.br. Acesso em 14 de fevereiro de 2009.

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