O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

"Deadpool": Uma bela história de amor...

O texto abaixo possui alguns pequenos spoilers. Logo, sugiro que aqueles que ainda não assistiram “Deadpool”, o façam antes de prosseguir na leitura.
Inicialmente, a pergunta que nos vem à mente é: como extrair alguma lição de um filme onde o as falas do personagem principal, um mercenário tagarela, irreverente e politicamente incorreto são recheadas de palavrões e cujo comportamento deixa transparecer seu vício em sexo? Lembremos inclusive que Deadpool recebeu a classificação “não recomendado para menores de 16 anos”, além de ter sido banido em alguns países (e.g.: China, Uzbequistão).
Sem falso moralismo: quanto às cenas em que há simulação de sexo no filme, não é nada que já não tenha sido apresentado aos menores de 16 anos nas novelas e minisséries globais. Quanto aos palavrões, nada que as crianças não ouçam diariamente nos corredores escolares e mesmo durante as conversas presenciadas em grupos sociais de sua faixa etária.
Quanto à violência exposta, nada deve aos filmes diariamente exibidos na “Sessão da Tarde” e congêneres. Ou nos programas policiais diários.
Mas antes de responder à pergunta, o enredo da película é o seguinte (para quem não assistiu ao filme ainda, está ciente que o texto contém spoilers mas mesmo assim prosseguiu na leitura):
Wade Wilson é um ex-militar que, após ser diagnosticado com câncer em estado terminal, encontra uma possibilidade de cura: é convidado a ser submetido a uma experiência que pode trazer efeitos colaterais. Após sua recuperação, dotado de poderes e com um senso de humor aguçado, torna-se Deadpool e busca a todo custo vingança contra o homem que quase destruiu sua vida.
E quanto à lição trazida pelo filme? Talvez alguém cite a polidez de Colossus e sua aparente preocupação com a moral, com insistentes exortações a Deadpool acerca do cuidado com as palavras proferidas e com suas atitudes. Sim e não.
Sem dúvida, tais orientações são válidas, mas a lição principal está no protagonista do filme e em sua companheira, a prostituta Vanessa Carlysle. Mais especificamente: o amor que um demonstra pelo outro. 
Wade, após um mal súbito, decide ir a um consultório médico para que seja diagnosticado o motivo de tal problema. Vanessa o acompanha. Diante da trágica notícia recebida, Wade decide se afastar de sua parceira e permanecer recluso. Afirma que o câncer é um espetáculo horrendo e quer poupá-la de presenciar a ele definhando.
Ato contínuo, Vanessa o abraça e afirma: “Eu te amo, Wade Wilson. Podemos vencer essa”. Vemos aí quão grande demonstração do amor verdadeiro, aquele narrado na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 13: “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Na saúde ou na doença. Na alegria ou na tristeza.
Momentos antes de ser levado ao local onde seria submetido à experiência, o (?) herói afirma: “Se eu nunca mais a vir, saiba que eu te amo”.
Em tempos como os nossos, onde se considera mais fácil descartar o cônjuge do que juntos buscarem a solução dos problemas e a vitória sobre as adversidades, observa-se uma atitude louvável emergindo de um filme, para muitos, reprovável.
Pós-mutação, além de adquirir superpoderes o protagonista teve várias deformações que o deixaram, conforme comparou seu melhor amigo, com a aparência de um abacate que... Deixa pra lá. Ou, como o próprio afirmou: “Pareço um testículo com dentes”.
Após muito relutar, Deadpool decide apresentar-se sem máscara a Vanessa, temendo sua reação. Mas mesmo com um aspecto totalmente diferente daquele Wade Wilson que outrora conheceu, ela decide ficar com ele. Prossegue com a relação independente da feição de seu parceiro. Percebe-se que o amor que ela sente vai muito além das aparências. É algo muito mais profundo. À maneira do amor que provém de Cristo, que excede todo o entendimento (Efésios 3.19).
Assim é o amor genuíno. 
Assim é o amor de Deus para conosco. 
Não há absolutamente nada em nós digno de ser amado. Estávamos mortos em nossas ofensas e pecados (Efésios 2.1).
Como Ele pode me amar se “em mim, isto é, na minha carne não habita bem algum” (Rm 7.18)?
Definitivamente, eu e você não merecemos o amor de Deus, afinal “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23)Sabemos que “não há um justo, nem um sequer” (Rm 3.10)A Palavra nos compara ao imundo, e as nossas justiças a trapos de imundícia (Is 64.6)Fato é que, mesmo assim, Ele nos ama com amor incondicional... Inexplicável.
A Bíblia nos orienta para que examinemos tudo, e retenhamos o que é bom (I Tessalonicenses 5.21). 
Os palavrões, as tiradas, as referências, renderam boas risadas e bons momentos de distração, que já passaram.
Mas a bela história de amor entre Wade Wilson e Vanessa Carlysle ficaram como mais um sublime exemplo a ser imitado.

(Imagens extraídas da internet).

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Felicidade não existe.

Do alto das minhas quatro décadas de vida, posso afirmar que já vivi o suficiente para concluir que a felicidade não existe. Claro que muitos dirão que há controvérsias. Mas quero deixar aqui registrado, em breves palavras, o porquê de tal assertiva. 
Em primeiro lugar cabe ressaltar que a felicidade, como tudo aquilo que é abstrato, reside, sobretudo, no mundo das ideias. Não é algo tangível. Logo, não é passível de ser tocada, alcançada, tampouco comprada. Assim, tal termo pode ser empregado, no máximo, no sentido figurado, como uma metáfora para um momento de bonança. 
O tema já foi dissecado ad nauseam por escritores e filósofos ao longo dos séculos. Volumes e mais volumes foram produzidos objetivando expor o assunto. A algumas conclusões chegaram. Schopenhauer, por exemplo, afirmou que "o homem nunca está feliz, mas passa a vida toda se empenhando por alcançar algo que ele acha que lhe trará felicidade". Para Freud, "é muito menos difícil experimentar a infelicidade do que a felicidade". Já C.S. Lewis considera que Deus "refresca a nossa peregrinação com algumas hospedarias agradáveis, mas jamais nos encorajará a tomá-las erroneamente como nosso lar".
De acordo com Sócrates, a felicidade era o bem da alma, o qual só podia ser alcançado mediante uma conduta virtuosa e justa. Seu maior discípulo, Platão, por sua vez entendia que, pelo fato de que todas as coisas tem sua função, a função da alma é demonstrar virtude e justiça de maneira que, exercendo-as, ela obtém a felicidade. 
Kant, no entanto, entendia que, como a felicidade se coloca no âmbito do prazer e do desejo, nada tem a ver com a Ética e, portanto, não é um tema que interesse à investigação filosófica...
As religiões e os líderes religiosos são especialistas em oferecer a felicidade, como se oferece um prato ou qualquer outra coisa ao povo. 
Jesus Cristo, por outro lado, nunca a ofereceu a alguém, enquanto nessa Terra. É claro que nos ofertou algo imensuravelmente maior: a Vida Eterna. Mas isso no porvir, não aqui.
Pelo contrário, ele nos alertou que, enquanto estivermos nesse mundo, o sofrimento será uma realidade. "[...] no mundo tereis aflições [...]", disse o Mestre (João 16:33). Disse ainda que "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mateus 8:20). Privações, definitivamente, não estão ligadas à felicidade. Alguém aí pode me dizer onde está escrito que Jesus sorriu? Certamente não. Mas que está registrado que Jesus chorou, isso é fato:
"Jesus chorou." (João 11:35)
"E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela." (Lucas 19:41)
Mesmo nosso estado na Eternidade, prometido por Cristo, entendo que não pode ser considerado felicidade, pois o homem julga o que ela é contrastando com a tristeza. E lá – afirmam os cristãos – não haverá tristeza para fazer tal contraste. Também não haverá lembrança de como era a tristeza. Não haverá lembranças negativas. Logo, não se poderá fazer oposição com as lembranças positivas.
Mas uma coisa é certa: lá estaremos continuamente na presença de Deus. E a presença de Deus e Sua graça nos bastam. Tanto aqui, como lá. Tanto no presente, como no porvir.
"E Deus limpará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas." (Apocalipse 21:4).
Amém.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian