O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Sugestões para 2011

Sugestões do Pr. Ed René Kivitz para o ano vindouro...
#1
Não assuma compromissos do tipo “vou iniciar uma dieta”, “vou começar alguma atividade física”, “vou terminar o curso de inglês”. Esse tipo de coisa serve apenas para acumular culpa e frustração sobre os seus ombros.
#2
Não acredite nesse pessoal que diz que “sem meta você não vai a lugar nenhum”. Pergunte a eles por que, afinal de contas, você tem que ir a algum lugar. Trate esses “lugares futuros imaginários” apenas como referência para a maneira como você vive hoje – faça valer a caminhada: se você chegar lá, chegou, se não chegar, não terá do que se arrepender. A felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai.
#3
Não pense que você vai conseguir dar uma guinada na vida apenas mudando o seu visual. É a alegria do coração que dá beleza ao rosto, e não a beleza do rosto que dá alegria ao coração.
#4
Não faça nada que vá levar você para longe das suas amizades verdadeiras. Amizades levam um tempão para se consolidar e um tempinho para esfriar, pois assim como a proximidade gera intimidade, a distância fragiliza os vínculos.
#5
Não fique arrumando desculpas nem explicações para as suas transgressões. Quando cometer um pecado, assuma, e simplesmente diga “fiz sim, me perdoe”. Comece falando com Deus e não pare de falar até que tenha encontrado a última pessoa afetada pelo que você fez.
#6
Não faça nada que cause danos à sua consciência. Ouça todo mundo que você confia, tome as suas decisões, e assuma as responsabilidades. Não se importe em contrariar pessoas que você ama, pois as que também amam você detestariam que você fosse falso com elas ou se anulasse por causa delas.
#7
Não guarde dinheiro sem saber exatamente para que o está guardando. Dinheiro parado apodrece e faz a gente dormir mal. Transforme suas riquezas em benefícios para o maior número de pessoas. É melhor perder o dinheiro que ocupa seu coração, do que o coração que se ocupa do dinheiro.
#8
Não deixe de se olhar no espelho antes de dormir. Caso não goste do que vê, não hesite em perder a noite de sono para planejar o que vai fazer na manhã seguinte. Ao se olhar no espelho ao amanhecer, lembre que com o sol chega também a misericórdia de Deus: a oportunidade de começar tudo de novo.
#9
Não leve mágoas, ressentimentos e amarguras para o ano novo. Leve pessoas. Sendo necessário, perdoe ou peça perdão. Geralmente as duas coisas serão necessárias, pois ninguém está sempre e totalmente certo. Respeite as pessoas que não quiserem fazer a mesma viagem com você.
#10
Não deixe de se perguntar se existe um jeito diferente de viver. Não acredite facilmente que o jeito diferente de viver é necessariamente melhor do que o jeito como você está vivendo. Concentre mais energia em aprender a desfrutar o que tem do que em desejar o que não tem.
#11
Não deixe o trabalho e a religião atrapalharem sua vida. Cante sozinho. Leia poesias em voz alta. Participe de rodas de piada. Não tenha pressa de deixar a mesa após as refeições. Pegue crianças no colo. Ande sem relógio. Fuja dos beatos.
#12
Não enterre seus talentos. Nem que seu único tempo para usá-los seja da meia noite às seis. Ninguém deve passar a vida fazendo o que não gosta, se o preço é deixar de fazer o que sabe. Útil não é quem faz o que os outros acham importante que seja feito, mas quem cumpre sua vocação.
#13
Não crie caso com a mulher ou com o marido. Nem com o pai nem com a mãe. Nem com o irmão nem com a irmã. Caso eles criem com você, faça amor, não faça a guerra. O resto se resolve.
#14
Não jogue fora a utopia. Ninguém consegue viver sem acreditar que outro mundo é possível. Faça o possível e o impossível para que esse outro mundo possível se torne realidade.
#15
Não deixe a monotonia tomar conta do seu pedaço. Ninguém consegue viver sem adrenalina. Preste bastante atenção naquilo que faz você levantar da cama na segunda-feira: se for bom apenas para você, jogue fora ou livre-se disso agora mesmo. Caso não queira levantar da cama na segunda-feira, grite por socorro.
#16
Não deixe de dar bom dia para Deus. Nem boa noite. Mesmo quando o dia não tiver sido bom. Com o tempo você vai descobrir que quem anda com Deus não tem dias ruins, apenas dias difíceis.
#17
Não negligencie o quarto secreto onde você se encontra com seu eu verdadeiro e com Deus – ou vice-versa. Aquele quarto é o centro do mundo – o mundo todo cabe lá dentro, pois na presença de Deus tudo está e tudo é.
#18
Não perca Jesus de vista. Não tente fazer trilhas novas, siga nos passos dEle. O caminho nem sempre será tão confortável e a vista tão agradável, mas os companheiros de viagem são inigualáveis.
#19
Não caia na minha conversa. Aliás, não caia na conversa de ninguém. Faça sua própria lista. Escolha bem seus mestres e suas referências. Examine tudo. Ouça seu coração – geralmente é ali que Deus fala. Misture tudo e leve ao forno.
#20
Não fique esperando que sua lista saia do papel. Coloque o pé na estrada. Caso não saiba por onde começar, não tem problema. O sábio disse ao caminhante que “não há caminho, faz-se caminho ao andar”.

Soli Deo Gloria
Ed René Kivitz é graduado em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo; pastor presidente da Igreja Batista de Água de Água Branca, em São Paulo; autor de Quebrando paradigmas (Abba Press), Vivendo com propósitos, Outra Espiritualidade e O livro mais mal humorado da Bíblia (Mundo Cristão); idealizador do Fórum Cristão de Profissionais.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Adeus ano velho, feliz ano novo! Até aqui nos ajudou o SENHOR!

Com a Graça de Deus, estamos chegando ao fim de mais um ano.  Mais um ano "voou". Como costumamos dizer, "quando você é criança o tempo se arrasta; quando você é jovem o tempo anda; quando você é adulto o tempo corre; quando você é velho o tempo voa; só mais um pouco e o tempo terá ido embora".
Justamente por isso, a Bíblia nos orienta a remir o tempo (Efésios 5.16).
Apesar das adversidades podemos, sem dúvida, afirmar que "até aqui nos ajudou o SENHOR" (I Samuel 7.12).  2010 foi um ano extremamente importante para este por vários motivos mas, principalmente, pelo fato de que o SENHOR supriu todas as minhas necessidades, assim como as de minha família, e tem demonstrado Seu Amor e Fidelidade para conosco a cada dia.
Outro motivo de alegria em 2010 foi poder prosseguir com este blog. Não tenho dúvida de que este singelo espaço é um instrumento que me foi dado por Deus para, ainda que com pouco alcance, disseminar sua Santa Palavra e combater/denunciar os desvios doutrinários que grassam nas igrejas do Brasil.
Nesses 12 meses, foram cerca de  13.500 visitantes e 19.600 páginas vistas. Tais números podem ser considerados como expressivos, se levarmos em conta que se trata do blog de um "quase" anônimo.
Tive postagens publicadas por alguns dos melhores sites/blogs do Brasil, dentre os quais destaco: [Blog do Ciro], Púlpito Cristão e BereianosNessa "missão" tenho conhecido vários irmãos em Cristo e, Graças a Deus, contado com o apoio dos mesmos. 
Enfim, só tenho a agradecer a Deus por tudo que Ele fez, tem feito e ainda vai fazer por mim. Muito obrigado, SENHOR. Agradeço também à minha amada família e a cada um dos amados visitantes que tem me honrado com sua visita nesse humilde espaço. Deixo aqui meus sinceros agradecimentos e meus votos de que as ricas e preciosas bênçãos do Pai Celestial sejam copiosamente derramadas sobre a vida de todos no ano vindouro. E em todos os dias de nossas vidas.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Concepções acerca de Jesus (E pra você, quem Ele é???)

Na sociedade hodierna encontramos incontáveis concepções acerca da pessoa de Jesus. Para algumas seitas pseudocristãs, Ele é apenas um deus (sim, com “d” minúsculo) de menor potencial. Para outras, Ele é o Arcanjo Miguel.
Para os adeptos da Nova Era, Jesus foi apenas mais um avatar, mais um iluminado, estando no mesmo nível que Buda, Krishna e tantos outros.
Para os simpatizantes da Teologia da Prosperidade, por vezes Ele é tratado meramente como um Papai Noel, cujas bênçãos se restringem àquilo que é tangível. Às coisas da Terra. Ou como um Sílvio Santos a perguntar “Quem quer dinheiro?”, “Quem quer uma casa?”, etc. Para esses mesmos teólogos, que trazem também em seu compêndio doutrinário ensinamentos falaciosos como a Confissão Positiva, o nome Jesus é visto como uma fórmula mágica, uma panacéia. Para os tais, Jesus se assemelha a um empregado para o qual você pode determinar (com o sentido de 'dar ordem a'), pois Ele tem a obrigação de atender. Se esquecem de um item básico da oração ensinada pelo Mestre aos discípulos: “Seja feita a Tua vontade” (Mateus 6.10).
Para os Triunfalistas, que andam de mãos dadas e, porque não dizer, podem ser contados dentre os Teólogos da Prosperidade, Jesus e Sua Palavra mais se assemelham a produtos que podem ser comercializados. São os atuais adeptos da simonia, termo derivado de “Simão mágico, de Samaria, que pretendeu comprar com dinheiro coisas espirituais (Atos 8.18-21). Hoje, é aplicada aos mercadores da fé que oferecem por dinheiro as bênçãos divinas” (1). 
Conforme Zibordi (2007), “O nome de Jesus, na atualidade, tem sido alvo de exploração mercadológica. A cada dia, novos autores tentam alçar vôo com títulos do tipo Jesus-o-maior-isso-e-aquilo-que-já-existiu” (2).
John Piper brilhantemente faz a seguinte afirmação:  
“Jesus jamais será domesticado. Mas as pessoas ainda tentam domesticá-lo. Parece haver algo nesse homem que se adapta a cada pessoa. Então, nós escolhemos uma de suas características que seja capaz de mostrar que ele está do nosso lado. Todo mundo sabe que é muito bom ter a companhia de Jesus, mas não a companhia do Jesus original, não-domesticado, não-adaptado. Apenas o Jesus revisado que se encaixa em nossa religião, plataforma política ou estilo de vida” (3).
Basta uma breve consulta na web para a constatação das várias obras literárias existentes no mercado, as quais tratam Jesus da maneira citada pelo referido autor:
  • Jesus, o maior Psicólogo que já existiu;
  • Jesus, o maior Líder que já existiu;
  • Jesus, o maior Filósofo que já existiu;
  • Jesus, o maior Educador que já existiu... 
Sim, Jesus é o maior tudo isso. Mas não só. É infinitamente mais. Seu Poder, Sua Essência, Sua Magnitude são infinitamente maiores do que a limitada mente humana pode imaginar, e que os meros títulos terrenos a Ele auferidos.
Observando o contido no capítulo 16 do Evangelho segundo escreveu Mateus, percebemos que não é de hoje que o homem tem diferentes idéias acerca da pessoa de Jesus: “E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? E eles disseram: Uns, João Batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas”. (versículos 13 e 14)
Em seguida Jesus questionou-os: “... E vós, quem dizeis que eu sou?” (versículo 15)
Resposta certeira de Pedro, inspirado pelo Pai: “... Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. (versículo 16)
E a Bíblia, o que nos diz sobre quem é Jesus?
Jesus é Deus: “Eu e o Pai somos um”. (João 10.30);
Criador de todas as coisas: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. (João 1.1-3);
“Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, (...); tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele”. (Colossenses 1.16,17)
Jesus é nosso Salvador: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. (Atos 4.12) (g.m.)
“... a saber: Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação”.
Como perguntou aos discípulos, o Mestre nos pergunta hoje: “... E vós, quem dizeis que eu sou?”
Quem é Jesus pra você?
Se você ainda não fez isso, convide Jesus para entrar em sua vida. Para ser seu Senhor e Salvador.
“Tudo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. (João 6.37)
Corra para os braços de Jesus. Ele está a te esperar.
Que Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

Observação: Postagem publicada pela primeira vez em 09/04/2009.

(1) SOARES, Esequias. Heresias e Modismos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2006.
(2) ZIBORDI, Ciro Sanches. Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2007.
(3) PIPER, John. Um homem chamado Jesus Cristo. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2005.
Citações bíblicas: Bíblia de Estudo Pentecostal, versão Almeida Revista e Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Eu não quero me apaixonar por Jesus

Na presente postagem quero consignar, em breves palavras, o motivo pelo qual não sou apaixonado por Jesus, tampouco quero me apaixonar por Ele.
Primeiramente porque a paixão, no sentido a que ora me refiro, é sempre temporária. Por maior que seja a intensidade com que aflora, tende a paulatinamente diminuir até desaparecer. Durante sua permanência traz insegurança, ansiedade e ciúmes excessivos, que por sua vez pode acarretar as mais indesejáveis (em sã consiência) ânsias.
Na paixão imperam as emoções, ficando tolhida a razão. Isso pode trazer a cegueira quanto à realidade, deixando o apaixonado numa dimensão em que pode imaginar que o mundo gira em redor de seu próprio umbigo.
Há cerca de um século, cientistas descobriram a feniletilamina, uma substância produzida pelo corpo humano e associada à paixão.  De acordo com pesquisas, o cérebro a produz mediante alguns eventos, como por exemplo o contato físico ou mesmo um simples olhar. Há outras substâncias relacionadas à paixão, como a dopamina e a ocitocina.
Trocando em miúdos, a paixão nada mais é que a consequência de uma reação química que ocorre no organismo e, segundo estudos, dura cerca de seis meses (às vezes um pouco mais, outras vezes um pouco menos).
Definitivamente, não sou apaixonado por Jesus. Até porque Ele nunca perguntou pra ninguém: "Estás apaixonado por mim?". Não é isso que Ele quer saber, mas sim se o amamos. Isso Ele perguntou a Pedro e pergunta a cada um de nós. Independente do fato de que na maioria das vezes nosso amor é ínfimo. Ele bem conhece nossas limitações, e sabe que nosso amor está muito aquém do que Ele merece. Mas importa que o amemos.
A paixão pode levar uma pessoa a matar por outra. Já o amor leva uma pessoa a morrer por outra.
A paixão é passageira, efêmera. Já o amor é progressivo e duradouro. No caso d'Ele, o amor  que tem por mim e por você é Eterno.
Sim, meu amor é limitado, e Ele sabe. Mas melhor amar com esse amor limitado (mas  progressivo) do que estar apaixonado.
Deus abençoe sua vida
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Escutar é com os ouvidos... Ouvir é com a alma.

Tarefa difícil é ouvir. Escutar é fácil, afinal é apenas o exercício natural do sentido que conhecemos como audição. Mas quem escuta não necessariamente também ouve. Escutar é com os ouvidos. Já ouvir é infinitamente mais complexo, afinal isso se faz com a alma.
Quando se escuta alguém, pode-se deixar entrar por um ouvido e sair pelo outro, como fazemos quando alguém diz algo que pouco atrai nossa atenção. Quando se escuta, pode-se permitir que as palavras sejam captadas por nosso sentido, sem no entanto deixar que elas desçam para o coração e sejam sentidas no íntimo.
Já o ouvir, é totalmente diferente. É uma arte dominada por poucos. Enquanto se escuta com os ouvidos, se ouve com a alma. Ouvir é absorver o sentimento alheio em nível tal que seja possível entrar na dimensão da tristeza ou da alegria do interlocutor. Ouvir é exercitar a empatia, colocando-se no lugar do próximo. É se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram (Romanos 12.15).
Escutar é com desdém, como se aquilo que o outro diz não seja interessante para nós. Ouvir é com atenção, é compartilhar. Escutar, até os animais, irracionais que são, o fazem. Mas ouvir, é uma bênção compartilhada pelo Criador com todos aqueles a quem foi dado o Espírito Santo.
Escutar é coisa de quem acredita que já sabe tudo. Ouvir é coisa de quem se coloca na posição de eterno aprendiz.
Escutar denota soberba e vaidade, ouvir denota subserviência e humildade.
Por isso a Palavra diz: “Todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tiago 1.19). Quem é pronto apenas para escutar ao invés de ouvir, por conseguinte fala nos momentos mais impróprios, e se ira com maior facilidade.
Como alguém já disse, a distância entre o céu e o inferno é de cerca de quarenta centímetros: é a distância entre a cabeça e o coração. Ou entre o ouvido e o coração, a sede das emoções.
Também por isso a Palavra nos recomenda: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 2.7; 2.11; 2.17; 2.29; 3.6; 3.13; 3.22). Principalmente no campo espiritual, não basta escutar. É preciso ouvir. Captar com o espírito o que diz o Espírito.
Ouça mais. Escute menos. Para o seu bem.

Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sermões lastimáveis: a lista é extensa...

Em continuidade à postagem "10 Diferentes Estilos de Sermão... O seu está aqui?", apresento mais alguns estilos de pregação que podem ser encontradas nos púlpitos tupiniquins. Se o seu estilo está relacionado aqui ou na lista anterior, não “faça beicinho”, nem queira revidar: as intenções das postagens deste blog são:
1°: apresentar minhas observações, à luz da Bíblia, sem qualquer ressentimento contra ninguém;
2°: levar os leitores à reflexão quanto à correção das práticas eclesiásticas hodiernas;
3°: descontrair um pouquinho.
Sem choro, vamos lá:
Sermão "água potável": límpido, puro e cristalino? Não. Inodoro, incolor e insípido.
Sermão "escarcéu": pregado por aqueles que acreditam que a espiritualidade do homem se mede através de decibéis. E, digo isso com tristeza no coração: muitos pensam assim... Deus não precisa de barulho para se manifestar (e.g., I Rs 19.11,12)
Sermão "chocolate com pimenta": nesse, o pregador consegue ser doce e ardido. Traz palavras de consolo e conforto num momento para, no seguinte, sentar a chibata.
Sermão "Jekyll and Hide": embora o fulano possua o título (comprado?) de Doutor (em Divindade?) revela-se na verdade um monstro: sem polidez alguma, ríspido, aterrorizante. Deixa a todos de cabelo em pé, tanto por sua postura nada amigável, como pelas heresias que despeja ao microfone.
Sermão "um novo evangelho": nesse, você ouve coisas do tipo: "No céu só vai entrar crente fogo puro. Na entrada Jesus vai falar pra todos, um a um: 'Fala língua estranha aí, meu filho!' Falou, pode entrar. Se não falou, Jesus vai dizer: Ih, desce que você é frio, aqui não é seu lugar". É de doer.
Sermão "cavalo doido": após a leitura do texto base, palavras começam a ser disparadas atabalhoadamente, em um momento com sílabas suprimidas; noutro, com vogais prolongaaaaaaaaaaaaaaaaadas, numa dicção atropelada que impede a compreensão plena.
Sermão "faltou simancol": o irmão prepara um esboço interminável e quer ir até o fim. Não se preocupa com o horário avançado, tampouco com o povo que tem que acordar cedo no dia seguinte. Não resume seu esboço e acaba por falar durante quase duas longas horas.
Sermão "Florentina, Florentina": tão perdido quanto uma azeitona em boca de banguelo, o cidadão repete a mesma fala incontáveis vezes. Anda em círculos. Sai do nada pra chegar a lugar algum.
Sermão "engatem a ré": aquele que, ao invés de servir de alimento espiritual e incentivo, tem efeito contrário: desanima o povo como que querendo vê-los andar para trás. Mormente constituído por pauladas desnecessárias, totalmente fora da direção de Deus. E o "pregador" ainda tem coragem de dizer: "sei que Deus está falando aqui hoje". Sei...
Sermão sonífero: zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Altamente recomendado a quem sofre de insônia.
Sermão "déjà vu": paira no ar aquela sensação de “já ouvi isso em algum lugar”. Vulgo sermão requentado.
Sermão "camarão limpo": sem pé nem cabeça.
Sermão "bilíngue": metade proferido no vernáculo, metade em línguas estranhas desnecessariamente soltas em rajadas ao microfone. Aliás, línguas estranhas ao microfone sempre são desnecessárias. Mero exibicionismo. Qualquer dúvida, leia atentamente o capítulo 14 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios. 
Sermão "de terceiros": o camarada ouve o CD/DVD de um pregador famoso umas 15 vezes durante o dia e, à noite, repassa tudo à congregação, tintim por tintim, como se a pregação fosse dele. Até os testemunhos do famoso ele conta como se de fato tivessem acontecido com ele. É mais fácil que orar e buscar de Deus a inspiração...
Sermão "Sílvio Santos": sobejam trejeitos típicos de animador de auditório e aquele tom de voz forçado que chega a dar nojo em porco. Jesus, nosso exemplo-mor,  definitivamente, não agia assim. Tampouco, Paulo, Pedro, os demais apóstolos, os pais da Igreja, etc.
Sermão "eu não tenho nada pra dizer": solução é ficar mandando olhar para o irmão ao lado, cutucá-lo e dizer-isso-e-aquilo pra ganhar tempo. Ninguém merece!  Ao que parece,  pensam que crente é marionete para ser manipulado...
Sermão "acho que não colou": percebendo a apatia da audiência, após o culto o pobre do preletor fica perguntando pra um e pra outro: "O que você achou da palavra de hoje? Você entendeu?".
Sermão "Frankenstein": um monstro, cujo esboço é feito em cima de retalhos de vários outros já pregados, que outrora já tiveram vida. Pode também ser chamado de "colcha de retalhos". Na hora do desespero, o negócio é abrir o baú e ver se sai alguma coisa.
Sermão "faça o que eu digo, não faça o que eu faço": exemplo básico temos naqueles casos em que o presbítero (presbicho?), o pastor ou quem quer que seja, embora tenha separado da esposa (porque cansou da mesma) e casado com outra, traz pregações sobre casamento, vida a dois, paz no lar, etc. Por essas e outras nosso irmão Paulo disse "(...) subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado" (I Co 9.27).

Resumo da ópera: Ante esse quadro catastrófico, a Igreja brasileira grita: Socooooooooorro! 
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian                 

PS (1): Cabe ressaltar que não devemos generalizar. Nosso país possui, sim, pregadores verdadeiramente compromissados com a exposição das Escrituras de maneira sábia e cristalina, sem modismos ou misturas. Dentre eles, cito Reverendo Hernandes Dias Lopes e o Pastor Ed René Kivitz, dentre tantos outros que não tem se curvado à teologia da prosperidade, ao antropocentrismo e à egolatria.
PS (2): A postagem "10 Diferentes Estilos de Sermão... O seu está aqui?" foi publicada anteriormente também nos blogs Genizah e PC Amaral, dentre outros.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Agostinho e o saber

"Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpe; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é amor."
Agostinho de Hipona
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A voz do corpo. E Tudo flui...

Uma das verdades por demais óbvias de nosso cotidiano, mas nem sempre percebidas,  é a de que o inconsciente é inteiramente visível nas expressões não-verbais das pessoas.
Percebemos que, mesmo sem que digam uma só palavra, é possível desvendarmos os pensamentos, opiniões e inclusive o estado de espírito de alguns. Citemos exemplos: em um desfile, show, ou qualquer tipo de apresentação, nota-se quais são os espectadores que possuem ou não opiniões favoráveis a respeito. Quando alguém encontra um desafeto, apenas pela expressão facial são notórias as intenções: vontade de “voar” no pescoço daquela persona non grata, proferir impropérios, etc. Apenas observando o rosto do próximo, podemos deduzir se aquela pessoa está em paz, se está angustiada, aflita, alegre, etc.
Mesmo que se utilizem palavras na comunicação, aquilo que dá sustentação, força e sentido aos vocábulos pronunciados são precisamente a cara, o tom de voz, o gesto e a posição.  É sabido que durante uma exposição verbal, para que se transmita com sucesso a idéia pretendida, 38% do papel é do tom de voz e 55% é da expressão corporal; cumpre à voz, à palavra em si, apenas 7%.
Analisando esses dados, há de se concordar: o corpo fala. Não necessariamente por intermédio de palavras, mas fala. E não só o corpo; de antemão pedindo perdão pela conclusão óbvia, a voz também fala. Não a voz enquanto mera expressão verbal, mas enquanto expressão dos sentimentos mais ocultos que uma pessoa possa ter. É claro que nossa fala se constitui inicialmente por aquilo que pensamos e dizemos, aquilo que é possível “por no papel”. Mas o tom da voz, ou mesmo a maneira como falamos – timidamente, ousadamente, normalmente, etc. – vem a externar nossa disposição emocional. Ou seja, nossa voz nos denuncia.
Muito embora mormente se faça a distinção entre corpo e mente, entre carne e espírito, sob o prisma de nossas expressões percebemos que ambos são indissociáveis: o aparente revela o invisível, o tangível traz à lume o intangível, a “casca” expõe o âmago.
É fato que todo pronunciamento não se faz somente com as palavras e sua musicalidade: é seguido por formas de postura, olhares, caras, sinais. Uma mínima alteração em um desses itens pode, por conseguinte alterar todo o significado de uma fala, tornando-se inclusive um ruído na comunicação, distanciando o que foi dito daquilo que efetivamente foi de início proposto.
Vemos que também está redondamente enganado aquele que imagina serem necessárias multidões de palavras para se comunicar algo. Pelo contrário, por vezes ouvimos alguém despejar vocábulos verborragicamente, sem contudo atingir seu objetivo, ou transmitir a informação que se pretendia. Só para citar um lugar comum, falam uma tonelada, não compreendemos cem gramas.
Ou seja, o que importa não é a quantidade de palavras, mas sim a forma como elas são transmitidas. Não basta falar, é preciso se expressar da maneira adequada, levando-se em conta o conteúdo, o público-alvo, o momento, a situação.
E nossa expressão corporal diz muito a nosso respeito. Somos seres extremamente móveis. Nosso andar, nosso agir, nosso olhar dá a conotação daquilo que somos para aqueles que nos observam: se somos introspectivos, parecemos por demais sérios, isso por mais descontraídos que sejamos; se andamos apressadamente, somos muito agitados, e assim por diante.
Nosso corpo está em constante alteração, mesmo que imperceptíveis; e a absoluta maioria das mudanças ocorridas em nosso organismo realmente não percebemos. Como bem exemplificou Heráclito de Éfeso, "tudo flui". Não se entra duas vezes no mesmo rio;. Isso porque quando se entra pela segunda vez, as águas anteriores não mais estão ali, bem como no instante seguinte já somos diferentes, já estamos “alterados”. Isso a Biologia veio a ratificar séculos depois de Heráclito: nossas células se encontram constantemente em renovação, que nada mais é que uma mudança. A esse processo de morte programada das células chamamos apoptose.
Assim, nossos gestos, nossas ações, nossa dança, nossas palavras jamais se repetem. Por mais próximas que estejam das anteriores, são outras.
Podemos afirmar convictos que nossa vida é um constante movimento, mesmo quando nos encontramos estáticos. Por conseguinte, somos expressões vivas. Ou, só pra filosofar mais um pouco, somos a personificação de nossos sentimentos. Somos feitos de comunicação, por vezes eficaz, por vezes ineficaz. Somos cartas ambulantes e vivas. Todos podem nos ler sem cometer o crime de violação de correspondência, afinal vivemos em sociedade. Destarte, estamos expostos, e somos constantemente observados. E lidos.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 27 de novembro de 2010

Universidade Mackenzie: Em defesa da liberdade de expressão religiosa

A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.
Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).
Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.
Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.

Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro, para ampla divulgação.
Artigo extraído do site Púlpito Cristão.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 20 de novembro de 2010

Teologia da Prosperidade: Evangelho de Cristo ou American Dream?

Não é novidade para nenhum cristão que a famigerada Teologia da Prosperidade está longe de ter alguma relação com o Evangelho da Cruz. Suas práticas tem o foco nos bens materiais e no homem, e não na obra salvífica consumada por Cristo no Calvário. No ter, e não no ser. Quantificação sim, santificação, não. Muitas adesões e poucas genuínas conversões. 
Suas reuniões são centradas no “receber” de Deus, e não no “entregar” a Deus (entregar com o sentido de adorar). Por outro lado, incitam o povo a fazer barganhas com o Todo-Poderoso: “entregue (financeiramente falando) para receber”. 
O pragmatismo é a palavra de ordem, onde diante do exercício de doutrinas antibíblicas e extrabíblicas não se lança a pergunta: “Isso é certo?”. Pelo contrário, o questionamento lançado é: “Isso certo?”. Ou seja, se produz resultados no que diz respeito a trazer o povo, pouco importa se está de acordo com as Escrituras.
Aliás, como dito no início do texto a Teologia da Prosperidade está distante, bem distante do Evangelho. Teve início na América do Norte no século passado, e não na Jerusalém de 2000 e poucos anos atrás. Observemos suas raízes, quem foram seus primeiros propagadores: Kenneth Hagin, Kenneth Coppeland, Robert Tilton, Charles Capps, Morris Cerullo, dentre outros. Homens cujo ministério se expandiu no período e local supracitados, todos influenciados por Essek Willian Kenyon, que por sua vez teve seus ensinos inspirados nos conceitos elaborados pelo curandeiro e hipnotizador Finéias Parkhurst Quimby (século XIX), precursor das heresias conhecidas hoje como Ciência Cristã. Podemos afirmar, sem dúvida, que a Ciência Cristã (que nada tem de ciência, tampouco de cristã) foi o embrião da Confissão Positiva e, por conseguinte, da Teologia da Prosperidade.
Justamente pelas circunstâncias e local de origem, os pregadores da prosperidade não ensinam uma vida pautada nos ensinamentos de Jesus, mas sim no american dream. Prosperidade material acima de tudo. Apego aos bens materiais e egoísmo, ao invés de abnegação e altruísmo.
Uma tradição cujo intento precípuo é a mobilidade socioeconômica vertical. O incentivo vergonhoso a um materialismo desmedido. Pensemos: não é essa herança cultural norte-americana que temos visto sendo apregoada nas “igrejas” como se fosse verdade revelada nas Escrituras, em sermões onde a eisegese corre solta?
Os pregoeiros desse evangelho às avessas têm seus bordões não divinamente inspirados, mas sim adaptados da cultura estadunidense. Ou seja, acabam por disseminar uma “fé” norte-americana, e não cristã. Empírica, mas não bíblica. Centrada no “eu”, e não em Deus. Glamorosa e egocêntrica, refletindo perfeitamente o american dream.
O perigo de se viver em função daquilo que é temporal, em detrimento do Eterno, a inversão de valores, foi duramente combatida pelo Mestre. Suas palavras dirigidas ao rico insensato (Lc 12.13-21), o qual julgava ter segurança em virtude de sua fortuna, sempre nos servirá de alerta: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado, para quem será?” (v. 20).
Fiquemos unicamente com a verdade revelada nas Sagradas Escrituras. E que a ordem contida em Mateus 6.33 seja sempre nossa bússola (“Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.”). Que o Reino de Deus esteja no topo de nossa lista de prioridades.
Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Santíssima Trindade: "Quem me dera ao menos uma vez, entender como só Deus ao mesmo tempo é três..."

A frase entre aspas em epígrafe, como todos sabem, faz parte da canção “Índios”, gravada em 1986 pela banda Legião Urbana em seu álbum “Dois”. A canção e o disco em questão fazem parte da adolescência de milhões de hoje jovens senhores brasileiros, dentre os quais eu me incluo. Nesse trecho da canção em apreço, consciente ou inconscientemente Renato Russo alude à Trindade, uma das doutrinas básicas do cristianismo. Conscientemente, acredito eu. Doutrina básica, mas não tão básica assim. Até porque a palavra “trindade” propriamente dita sequer aparece na Bíblia. O que não torna a doutrina antibíblica, uma vez que há abundantes textos bíblicos que a corroboram (e.g., Mt 3.16,17; Mt 28.19; Lc 1.35; Jo 3.34-36; Jo 14.16, 17; At 7.55; 2Co 13.13; Ef 4.4-6; 1Pe 1.2; Jd 20, 21; Ap 1.4,5, etc.)
Explica-se a Trindade da seguinte maneira: há um único Deus, no qual coexistem três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essas três pessoas compartilham da mesma natureza, bem como dos mesmos atributos; logo, são um único Deus.
Acredita-se que o primeiro a usar esse termo foi Tertuliano, no segundo século de nossa Era.
Certamente por esse “quê” de mistério e difícil compreensão seu significado foi e é distorcido à exaustão por sectários, por adeptos de outras religiões, e até mesmo por cristãos. A disparidade de explicações acerca dessa doutrina é tão antiga quanto o cristianismo. Opositores à Trindade também surgiram aos montes ao logo desses dois mil anos, encabeçados por Sabélio, pai do sabelianismo (óbvio), do modalismo, do patripassianismo...
Sobre o assunto, Agostinho afirmou: “Quem poderá compreender a Trindade onipotente? E quem não fala dela, ainda que não compreenda? É rara a pessoa que, ao falar da Santíssima Trindade, saiba o que diz”. “Se o pudesses compreender, ele não seria Deus”. “Quando chegarmos à Tua presença, cessará o muito que dissemos, mas muito nos ficará por dizer e tu permanecerás só, tudo em todos, e então eternamente cantaremos um cântico, louvando-te em um só movimento, em ti estreitamente unidos. Senhor, único Deus, Deus Trindade, tudo o que disse de Ti nestes livros, de Ti vem. Reconheçam-no os teus, e se há algo de meu, perdoa-me e perdoem-me os teus.”
Ou seja, Agostinho, tido como o maior teólogo cristão depois do apóstolo Paulo, não compreendia a Trindade. Mas n'Ela cria.
Confesso que também não compreendo a Trindade. Mas n'Ela creio.
Sim, confesso que minha compreensão é estrita, limitada, não só acerca desse tema.
Quem me dera ao menos uma vez, uma só, entender como Deus ao mesmo tempo é três. E também entender plenamente incontáveis outros assuntos: Deus, céu, inferno, alma, porvir, eternidade, ruas de ouro e mar de cristal, milênio, arrebatamento, etc, etc, etc.
Na verdade nem vocês entendem, amados teólogos. 
Se entendem, não entendem Deus, mas sim "um deus". Apenas acreditam, tentam se convencer e convencer aos outros de que entendem. Mas não entendem.
Que o Deus incompreensível nos abençoe e nos guarde.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Caderneta de poupança CéuInvest: Receba cem vezes tanto

Um dos versículos preferidos dos propagadores da Teologia da Prosperidade é, sem dúvida, Marcos 10.30. Após a leitura do texto bíblico em apreço afirmam coisas do tipo: “Oferte com alegria e receba de volta centuplicadamente”.
Os “profetas” se utilizam do já desbotado jargão “pela fé, plante uma semente na obra de Deus” e similares, de maneira a compelir os fiéis a contribuírem com o que tem e o que não tem, sob a promessa de receberem cem vezes a quantia ofertada.
Inicialmente, cabe ressaltar que o versículo em apreço não faz qualquer alusão a contribuições financeiras. A assertiva citada acima é empregada erroneamente. Perceba, a promessa ali contida não diz respeito a bênçãos materiais. Conforme disserta Hank Hanegraaff na excelente obra “Cristianismo em crise”,
“Se a mensagem do ‘cem por um’ fosse mesmo verdadeira, os profetas da prosperidade nunca mais teriam de pedir dinheiro. Pelo contrário, estariam nas ruas doando-o o mais rápido possível, para obter ainda mais. Toda pobreza desapareceria e qualquer cristão que se preze viveria numa mansão. A ‘riqueza dos ímpios’ de fato estaria nas mãos dos ‘afilhados do rei’ (...)”
Se de fato a passagem bíblica falasse em entrega de ofertas, essa seria “a” caderneta de poupança. Céuinvest. Faça a conta: para cada R$ 3,00 ofertados, receba R$ 300,00. Dessa maneira, se você frequentar 100 cultos por ano e ofertar R$ 3,00 em cada um deles, ao final de apenas 3 anos você terá em caixa um valor correspondente a um carro popular e uma casa.
Vejamos o que nos diz o texto em apreço:
“E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro, a vida eterna.” (Marcos 10. 29,30) 
Claro está que as palavras de Jesus aqui registradas nada dizem respeito a bens materiais e riquezas. De que se trata, então? Daqueles que deixam a casa e a família para obedecerem ao ide de Jesus. Exemplo básico vemos nos missionários que verdadeiramente deixam tudo para mergulharem de cabeça na obra de Deus. Que por vezes deixam o lar e seus entes queridos por amor ao Evangelho e àqueles que ainda não foram alcançados pela Palavra. Não só a eles, mas também a todos os cristãos que, ao ingressarem nessa grande comunidade que é a Igreja, o Corpo de Cristo, tiveram suas relações multiplicadas: cada cristão tem nessa irmandade centenas de milhares de pais, de mães, de irmãos, e de casas. Isso neste tempo. E, por fim, terá a vida eterna.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 6 de novembro de 2010

Epístola de Paulo aos Blogueiros Cristãos

Considerando as pequenas desavenças que vez por outra temos observado entre blogueiros cristãos, nossos amados irmãos, resolvi elaborar a presente postagem.
A Epístola, conquanto fictícia, foi estruturada com versículos reais,  bíblicos, cujas referências estão no rodapé. Prezados irmãos em Cristo, apresento-lhes aqui a “Epístola de Paulo aos Blogueiros Cristãos”:
1. Paulo, apóstolo de Jesus Cristo segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa, 
2. Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.
3. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor. Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo sentido e em um mesmo parecer. 
4. Conjuro-te pois diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.
5. Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que crêem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens.
6. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo.
7. Sigamos pois as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros.
8. Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros.
9. Quero pois que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda.
10. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
11. Revesti-vos pois, como eleitos de Deus, santos, e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade. Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro: assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição.
12. Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens.
13. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer: se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
14. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.
15. E apiedai-vos de alguns, que estão duvidosos; E salvai alguns arrebatando-os do fogo; tende deles misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne. Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, Ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora, e para todo o sempre.
16. A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos. Amém. 

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

Postagem inspirada no epílogo do livro “Evangelhos que Paulo jamais pregaria”, do Pr. Ciro Sanches Zibordi. 
1) I Tm 1.1; 2) Fm 3; 3) I Co 1.9,10; 4) II Tm 4.1,2; 5) Tt 3.8; 6) Rm 14.10; 7) Rm 14.19; 8) Gl 5.14,15; 9) I Tm 2.8; 10) Rm 12.10; 11) Cl 3.12-14; 12) Tt 3.2; 13) Rm 12.20,21; 14) Fp 4.7 ; 15) Jd 22-25; 16) II Co 13.14.     

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Agostinho e o culto aos mortos

"Que nossa religião não seja culto aos mortos. Se eles viveram na piedade não se comprazem com tais honras, antes querem que adoremos Aquele em cuja luz eles mesmos se alegram ao ver-nos associados a seus méritos. Honremo-los, pois, imitando-os e não os adorando. E, se viveram mal, onde quer que estejam, nenhum culto merecem."
FERREIRA, Franklin. Agostinho de A a Z. São Paulo: Editora Vida, 2007. (Série Pensadores Cristãos)
Original em:
AGOSTINHO, A verdadeira religião, 55.108, p. 133.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

domingo, 24 de outubro de 2010

Leitura recomendada: "Feridos em nome de Deus" (Marília de Camargo César)

Quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso. A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas.
Carentes de acolhimento são habilmente capturados pela manipulação emocional de líderes medíocres de plantão e ambos seguem de braços dados experimentando religiosidade fútil e meritória, barganhando a todo momento com Deus.
Por ser uma religiosidade descaracterizada da adoração sincera, mais cedo ou mais tarde o castelo de cartas desmorona deixando feridas abertas pelo caminho.
É esta relação doentia que a jornalista Marília Camargo desvenda em seu primeiro livro. Uma reportagem que avança pelos meandros da igreja evangélica brasileira liderada em boa medida por pessoas embevecidas pelo próprio poder de manipular e escravizar aqueles pelos quais Cristo morreu.
Ao lidar com feridas não cicatrizadas, em seu debut literário, Marília revela a urgência de um novo tipo de liderança, não autocrática, e de um novo membro, mais confiante em Deus e menos dependente do pastor local, a fim de que o espaço da igreja seja saudável, criativo e curador.
Feridos em nome de Deus é leitura obrigatória para quem anseia por um cristianismo saudável e libertador. Uma denúncia do falso evangelho pregado por falsos cristãos; um sopro dos bons ventos da graça de Deus, que definitivamente precisa triunfar entre nós.
Sinopse extraída do site da Editora Mundo Cristão