O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

sábado, 31 de julho de 2010

Agostinho, o tempo e a Eternidade de Deus

"Em Deus não há, como em nós, a previsão do futuro, a visão do presente e a recordação do passado, é totalmente diferente a sua maneira de conhecer, ultrapassando, muito acima e de muito longe, os nossos hábitos mentais. 
Ele vê com um olhar absolutamente imutável, sem levar o seu pensamento de um objeto para outro. Por conseguinte, o que se passa no tempo compreende, certamente, não só acontecimentos futuros que ainda não são, mas também presentes que já são e passados que já não são. Mas Ele abarca-os a todos na sua estável e sempiterna presença." 
Citação extraída de:
FERREIRA, Franklin. Agostinho de A a Z. São Paulo: Editora Vida, 2007. (Série Pensadores Cristãos)
Original em:
AGOSTINHO, A cidade de Deus, 11.21, p. 1037-8.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Definitivamente, você não é flor que se cheire...

Por vezes me pego questionando o porquê do amor de Deus por mim e por você.
Como Ele pode me amar se “em mim, isto é, na minha carne não habita bem algum” (Rm 7.18)?  Definitivamente, eu e você não merecemos o amor de Deus, afinal “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Sabemos que “não há um justo, nem um sequer” (Rm 3.10). A Palavra nos compara ao imundo, e as nossas justiças a trapos de imundícia (Is 64.6).
A pergunta que não cala: porquê então, Ele nos ama? Certamente não é por sua aparência, pela cor de seus olhos, por seu carro do ano, por sua roupa social engomada, por seu terno novo, muito menos por sua conta bancária. Em suma, em nós não há absolutamente nada que nos torne dignos de receber o amor de Deus.
Fato é que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). De tal maneira, com um amor imensurável. Simplesmente porque Ele é amor (I Jo 4.16). E esse amor que Ele tem por nós não é um amorzinho qualquer, mas sim um amor eterno.
Deus é amor. Deus é eterno. Logo, o amor de Deus é eterno. Sendo esse amor imanente à Sua Pessoa, não teve início e tampouco terá fim. Deus vive num constante agora; sendo Ele o Criador de todas as coisas, inclusive do espaço/tempo, não pode estar sujeito ao espaço/tempo como nós estamos. Dessa maneira, Ele vê, como que no mesmo instante, a sua dor de ontem, sua busca e seu clamor de hoje e a vitória que Ele vai te dar amanhã (que para Ele é hoje).
Além de eterno, o amor de Deus é incondicional. Isso quer dizer que, diferente do ser humano, Ele não impõe condições para nos amar. Nos ama e ponto final. Parafraseando certo escritor, podemos afirmar que não há nada que possamos fazer para que Deus venha a nos amar mais, mas também não há nada que possamos fazer para que Deus venha a nos amar menos. A Palavra diz que “Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).
Definitivamente, você não é flor que se cheire. Nem eu. Ainda assim, Ele ama a todos indistintamente. A mim, a você, a todos. Embora não mereçamos. Provemos que somos Seus filhos, imitando-O. Amando-O, e amando-nos uns aos outros.
Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 17 de julho de 2010

O sincretismo religioso e o pseudoevangelho


A tradição cultural de nosso país é, além de múltipla, mística em sua essência, sobretudo pelo fato de que a população brasileira é constituída por etnias diversas. Num mesmo “caldeirão” se encontram misturados europeus, africanos, aborígines, asiáticos, etc. Como sabemos,  cada uma dessas etnias aqui presentes traz consigo, de maneira intrínseca, seus rituais, suas crenças, sua religiosidade, suas formas de se relacionar com o sobrenatural.
Dessa maneira facilmente percebemos dentre a vasta herança cultural do país, os seguintes elementos formando o pano de fundo da religião de nosso povo:
1) rudimentos da pajelança indígena;
2) superstições provenientes do catolicismo romano, trazido para a Ilha de Vera Cruz pelos colonizadores europeus;
3) uma forte corrente kardecista (também trazida pelos europeus);
4) o extremo misticismo dos cultos afro;
5) a busca da paz interior embutida nos ensinamentos das seitas orientais; e
6) o protestantismo e sua conclamação pelo retorno às Escrituras.
Meu objetivo aqui é focar os protestantes, "segmento" do qual faço parte. Aqueles que genuinamente professam tal fé, obrigatoriamente devem basear suas crenças unicamente na Bíblia Sagrada. É mister que seja assim com todas as igrejas que se dizem herdeiras da Reforma. Estas têm por obrigação prezar pela pureza doutrinária, pelos cinco “solas” (Sola Gratia, Sola Fide, Sola Scriptura, Solus Christus, Soli Deo Gloria).
No entanto, com imensa tristeza e pesar, chegamos à desoladora constatação de que não é isso que temos presenciado. Pelo contrário: em muitas igrejas ditas “evangélicas”, dá-nos a impressão que houve apenas a mudança da placa. Parece-nos que hoje há alguns centros destinados aos cultos afro que adotaram o rótulo de “igreja”, tamanho é o misticismo sob o qual o povo se encontra cativo. Fala-se (superficialmente) de Jesus, porém ainda se afirma ser necessário passar pelo sal grosso para fins de descarrego, é preciso adquirir uma série de patuás “gospel”, é preciso colocar copo d’água sobre o rádio ou televisão, é necessária a utilização de um pouquinho da terra trazida de Israel e alguns mililitros de água do Rio Jordão, os pedidos de oração devem ser queimados no Monte Sinai. Do contrário, apregoa-se nas entrelinhas, o fiel não será abençoado. Com isso, o sacrifício de Cristo é chutado para escanteio, relegado ao segundo plano. E o povo, apesar de supostamente estar numa igreja, continua preso a toda sorte de rituais místicos na busca da bênção. Tanto critica-se a mariolatria nos arraiais evangélicos, mas paradoxalmente, muitos se revelam mais praticantes da idolatria que os próprios católicos. Em nosso meio, se observa um apego exacerbado a determinados objetos de culto, a pregadores, a cantores, a "hinos", a congressos. Alguns há que julgam necessário viajar centenas de quilômetros para participar de determinado congresso de missões e receber uma suposta "carga de poder". Ignoram que Deus, sendo Onipresente, abençoa-nos e capacita-nos onde quer que estejamos. Até mesmo e, porque não dizer, principalmente no silêncio de nosso quarto, durante nossa meditação diária. Não entremos ainda no mérito daqueles que, à semelhança de algumas seitas de origem oriental, afirmam que, em alguns casos, é necessária uma suposta "cura interior",  técnica híbrida proveniente de um amálgama de textos bíblicos mal-interpretados, psicologia e hipnose, resultando mais em ocultismo que em cristianismo, além de uma "confissão positiva" para a resolução dos problemas de quaisquer ordens.
Ou seja, a “igreja evangélica” brasileira conquanto se revele  "evangélica", se encontra atolada no sincretismo religioso. Numa perigosa mistura que distancia cada vez mais o homem dos preceitos bíblicos. Essa igreja precisa verdadeiramente ter um encontro com Cristo, Aquele que já pagou o preço de nossa redenção. Aquele que bradou há quase dois mil anos atrás na cruz do Calvário: “Está consumado!”, expressão cujo significado pleno é desconhecido por muitos. 
Soli Deo Gloria 
Alessandro Cristian 
Texto inspirado num sermão do Reverendo Hernandes Dias Lopes, sobre Neemias 8.
Imagem extraída de www.igrejinha.org.br/blog/?p=623 Acesso em 17 de julho de 2010.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Estou lendo... E Recomendo! (6)

"Cheios do Espírito" - Augustus Nicodemus 
Esta obra é um ensaio que procura abordar biblicamente algumas das questões contemporâneas relacionadas com a plenitude do Espírito Santo. Augustus Nicodemus está consciente de que há diversas opiniões entre os evangélicos quanto a esse tema e de que “não existe completa unanimidade entre nós quanto às manifestações e às conseqüências práticas numa igreja ou num indivíduo quando o Espírito Santo os controla inteiramente. A dinâmica da plenitude espiritual — bem como seus resultados — é matéria de intensa discussão entre os evangélicos no Brasil e no mundo, é claro”.
O autor apresenta uma abordagem reformada, a fim de manter-se coerente com sua convicção, e ressalta: “Meu alvo é contribuir para o crescente movimento, em nosso país, de retorno às antigas doutrinas da graça, das quais a experiência com o Espírito Santo é parte primordial”.
Sinopse extraída do site da Editora Vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A insaciabilidade da alma humana

A alma do homem é insaciável. Está sempre em busca de satisfação, mas nunca se satisfaz.  Compara-se a um buraco sem fundo. Segundo o livro de Provérbios, "Há três coisas que nunca se fartam, sim, quatro que não dizem: Basta! Elas são a sepultura, a madre estéril, a terra, que se não farta de água, e o fogo, que nunca diz: Basta!" (Pv 30.15,16). Nessa mesma categoria podemos facilmente enquadrar a alma humana. Nunca diz: basta! Certamente por isso, o homem é consumista por natureza. Exemplos:
1) Uma pessoa fica sabendo que seu artista preferido está prestes a lançar seu mais novo CD. De imediato, é acometida por uma imensa ansiedade, que só termina quando enfim o lançamento chega às prateleiras das lojas. Aí então ela adquire aquele CD e ouve, ouve, ouve... Aí enjoa e começa já a aguardar a gravação de um novo trabalho por parte do artista, iniciando-se novamente o ciclo.
2) Um cinéfilo descobre que determinada película está prestes a ser lançada. Então se enche de expectativa e não sossega enquanto não assiste àquele filme. Assiste pela 1ª, 2ª, 3ª vez... E depois, satisfeito por ter decorado o enredo, sua expectativa se volta a um novo lançamento.
3) Por vezes somos acometidos por uma vontade imensa de saborear uma barra de chocolates, por exemplo. Passamos no mercado, compramos o "objeto de desejo", nos satisfazemos momentaneamente para, pouco tempo depois, sermos novamente acometidos por aquela vontade.
Mas não acontece isso só quanto aos bens de consumo: nosso apetite sexual, de igual maneira, nunca cessa (ainda bem!). Nossa carência por afeto, carinho, elogios, reconhecimento, idem.
Partindo para o âmbito espiritual, segundo apregoam os cristãos, a busca do homem se encerra no momento em que o mesmo tem seu encontro com o Criador. Como afirmou Dostoiévski, "o homem possui dentro de si um vazio do tamanho de Deus". Ou seja, quando do encontro com o Senhor, a busca desesperada da alma se finda. Ou ao menos deveria terminar. Mas não é isso que observamos no meio. Pelo contrário, vemos muitos que, conquanto façam questão de carregar a alcunha de "cristão", dão continuidade à busca por novas experiências mesmo após seu suposto encontro com Jesus. A partir daí se vê tanta pataquada dentre os chamados "evangélicos" (sobretudo os neopentecostais): só o encontro salvador com Jesus não basta: é preciso buscar a unção do riso, é preciso buscar a unção dos quatro seres, é preciso "estar cheio do poder", ver "bolas de fogo" e "cair no espírito". Ignoram que, segundo a Palavra, recebemos poder do alto para sermos testemunhas do Cristo ressurreto, e não para cair, uivar, gargalhar, etc. Ignoram ainda que o cristão tem a Unção do Santo, a unção que nos basta. 
Existo, logo sou um consumista. Sou homem, estou vivo, saudável, casado. Logo, meu nível de testosterona está num nível satisfatório e a cada dia me sinto mais atraído pelo sexo oposto (pela minha esposa, no caso...). Que essa atração realmente se expanda num crescente contínuo.
Mas ao menos espiritualmente falando, minha busca cessou no momento em que Ele transformou minha vida. Não preciso buscar invencionices. Não preciso de novas experiências espirituais. Sua Presença, Seu Espírito, Sua Palavra, e a paz que Ele me dá, me bastam. Aleluia! Que contigo seja assim também. É o desejo sincero de meu coração. 
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian