O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Kurt Cobain: ganhou o mundo, mas perdeu a alma...


No dia 08 de abril de 1994 a estrutura do showbusiness foi abalada por uma notícia estarrecedora: Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, havia sido encontrado morto em seu apartamento (em Seattle) por um eletricista, contratado para consertar o sistema de alarme da residência. Kurt estava com uma arma sobre o peito, apontando para o queixo. De acordo com os médicos responsáveis pela autópsia, o líder da banda mais influente da década de 1990 havia morrido (com um tiro na cabeça) a cerca de 48 horas da descoberta.
Se vivo, Kurt completaria 43 anos hoje.
Em 1991, com o lançamento de “Nevermind”, seu 2º álbum, o Nirvana tornou-se mundialmente conhecido. Desbancou do topo das paradas de sucesso algumas das “instituições” do pop, como Michael Jackson e Guns’n’Roses, fato inédito para uma banda recém saída do underground. A música “Smells like teen spirit” foi uma das mais executadas daquele ano, e seu estilo serviu de inspiração para a maioria, se não todas as bandas daquela década, inclusive aqui no Brasil.
À época, de repente todo mundo queria colocar guitarras distorcidas nas músicas e usar uma camisa xadrez de flanela amarrada à cintura. Desde então, até nas músicas infantis percebemos certo peso e distorção nas guitarras.
Músicas com estrutura do tipo “parte lenta, quase sussurrada + explosão no refrão” viraram febre, e passaram a fazer parte até do cancioneiro gospel, fato que pode ser observado em músicas de Cassiane e Elaine de Jesus, só pra citar alguns exemplos. Dessa última, aliás, quando a mocidade da igreja onde congrego utiliza playback de seus hinos, percebo que algumas das canções são puro rock’n’roll travestido de louvor (ou vice-versa).
O Nirvana foi, incontestavelmente, o responsável pela popularização do “rock de garagem”, o chamado rock alternativo, naquela ocasião denominado grunge. Até então o rock que dominava a grande mídia era a “farofa” do tipo Bon Jovi, Guns’n’Roses e similares.
Indubitavelmente, o estilo niilista do Nirvana era o reflexo do way of life de Kurt Cobain.
Calcula-se que, até hoje, Nevermind vendeu cerca de 35 milhões de cópias. Claro que Kurt, enquanto underground, desejava fazer sucesso. Se assim não o fosse, não teria assinado contrato com uma grande gravadora. O que provavelmente ele não queria era o pacote que acompanha o sucesso: fãs histéricos, falta de privacidade, pressão para continuar a compor canções bem-sucedidas, turnês intermináveis.
Dessa maneira, tudo isso aliado aos seus constantes problemas com drogas e com sua esposa, Courtney Love, levaram Cobain a cometer o suicídio provavelmente em 06 de abril de 1994, quando então tinha 27 anos (alguns questionam se a morte foi causada por suicídio ou homicídio - não vem ao caso).
Diante da história desse homem, impossível não se lembrar das palavras de Jesus registradas no Evangelho de Mateus, capítulo 16, versículo 26: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?”.
Kurt ganhou o mundo inteiro. Chegou ao topo das paradas pop. Recebeu rios de dinheiro. Tornou-se mundialmente conhecido. Apareceu em todos os órgãos de imprensa.
Mas perdeu sua alma. Não estou com isso querendo dizer que ele foi para o inferno, ou para mandá-lo para lá. Só Deus pode fazê-lo. Não estou falando que é para lá que Kurt foi. Não temos a certeza de que ele de fato cometeu suicídio, tampouco o que se passou naquela mente em seus últimos instantes, e menos ainda quanto ao lugar em que ele passará a eternidade. Mas Deus sabe.
No entanto, chamo a atenção para o fato de que a palavra “alma” também pode significar “vida”, “ânimo”, “coragem”, “sentimentos”. Nesse sentido, sem dúvida ele perdeu sua alma. Sua vida. Seu ânimo. Sua coragem de prosseguir. Seus sentimentos. Tudo isso em decorrência de ter ganho o mundo.
Enfim, ganhou o mundo, mas perdeu a alma. Infelizmente.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian                                          

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A política do pão e circo em nossos dias...


Tudo o que o povo precisa é de pão e circo. Há alguns séculos, no início da Era Cristã, essa era a política adotada pelo Império Romano. Sabemos que Roma chegou a dominar o mundo em determinado momento da história da humanidade. Tornou-se a maior potência política e econômica. Mas a expansão urbana tornou-se também um sério problema social para Roma. Cada nação subjugada significava mais escravos a serviço do Império. Essa escravidão veio a ser o estopim para o desemprego dos camponeses, que perderam seu espaço e migraram para as cidades em busca de emprego e melhores condições de vida.
Esse êxodo veio a deixar o Império temeroso de que aquela massa de desempregados viesse a se revoltar. Como saída, foi criada a política do Pão e Circo , que consistia em oferecer à massa ignara comida e diversão. Diariamente ocorriam batalhas de gladiadores no Coliseu e em outros estádios, onde era fornecido alimento ao público. Com o “pão” e o “circo”, o povo acabava por se esquecer das dificuldades da vida e, por conseguinte, menores eram as chances de haver rebelião.
Séculos se passaram, e a política do panis et circensis continua atualíssima no mundo como um todo e, especialmente em terra brasilis.
É fato que, em se tratando de panis, por vezes há escassez. Mas em matéria de circensis é o que há no país.
Dentre os “circos” de nossos dias, citemos o Carnaval. Anualmente, todo mês de fevereiro, observamos que o povo se esquece da precariedade do sistema de saúde do Brasil, da violência urbana, do trânsito caótico das grandes cidades, da miséria e da corrupção reinantes em nosso país. E cai na ilusória “folia”. Mergulha de cabeça no circo.
A diferença básica é que, enquanto na Roma antiga eram fornecidos o pão e o circo, no Brasil só vemos o circo. Por vezes falta o pão.
Passada a “folia”, na quarta-feira de cinzas tudo volta ao normal. E, mesmo sem pão, já começam os planos para o próximo carnaval. É lamentável.
Caro amigo, oriente suas ações por essas palavras, não só durante o carnaval, mas durante toda a sua vida:
“... não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. (Tiago 4.4)
“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. (I João 2.15-17)
“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis”. (Gálatas 5.16,17)
Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Agostinho e a Presciência Divina...

"Mas Deus tudo previu e não pôde ignorar que o homem viria a pecar. Temos de conceber a Cidade Santa conforme o que Ele previu e dispôs e não conforme o que pode chegar ao nosso conhecimento pois não foi isso que esteve nos desígnios de Deus. Claro que o homem com o seu pecado não pôde perturbar o plano divino nem como que obrigar Deus a mudar o que tinha estabelecido. Deus, na sua presciência, previu uma e outra coisa, isto é, quão mau se viria a tornar o homem que Ele criou bom e o bem que havia de tirar desse mal. É certo que se diz que Deus altera os seus desígnios (em linguagem metafórica a Escritura chega mesmo a dizer que Deus se arrependeu). Mas isso diz-se em atenção ao que o homem espera ou em atenção ao que comporta a ordem das coisas naturais - e não em atenção ao que o Onipotente previu que havia de fazer." 
Citação extraída de:
FERREIRA, Franklin. Agostinho de A a Z. São Paulo: Editora Vida, 2007. (Série Pensadores Cristãos)
Original em:
AGOSTINHO. A cidade de Deus, 14.11, p. 1271.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Câmera escondida: Vigie! Você está sendo vigiado!


Hoje em dia, as câmeras de segurança estão presentes na grande maioria dos estabelecimentos comerciais. De pequenos pontos até as grandes redes de loja e hipermercados, lá estão os dispositivos, aparentes ou não, quase sempre acompanhados por avisos do tipo “estabelecimento comercial monitorado por câmeras de segurança”, ou com palavras mais informais, como por exemplo, “Sorria! Você está sendo filmado!”.
Indubitavelmente, a presença de tais dispositivos vem a inibir determinados atos ilícitos no interior dos recintos, mitigando assim o prejuízo dos empresários com pequenos (e também médios e grandes) furtos.
No entanto, por outro lado, muitos cidadãos de bem também se sentem desconfortáveis em saber que estão sendo observados, tendo seus passos monitorados por um desconhecido.
Mas tenha o homem ou não más intenções, ao sair da mira das câmeras, ao se livrar do olhar do desconhecido, ao cessar o monitoramento, todos se sentem à vontade para fazer aquilo que certamente não fariam se estivessem sendo filmados. Inclusive os cristãos.
Mas reflitamos nas palavras contidas no Salmo 139, 7-12: “Para onde me irei do teu  espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,  Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.”
Por vezes nos esquecemos que estamos sob o constante monitoramento do Todo-Poderoso. Afinal, “não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hebreus 4.13). Grande parte de nosso tempo vivemos como se de fato os olhos d’Ele não estivessem sobre nós. Seja através de palavras, atitudes ou pensamentos, fazemos de conta que não tem ninguém nos vendo. Ou melhor, tentamos nos enganar, mas no fundo sabemos que um dia havemos de comparecer diante do Tribunal de Cristo (Romanos 14.10, II Coríntios 5.10). Justamente por isso o sentimento de pesar toma conta de nossas vidas após tais eventos. A tristeza diante das imperfeições é também um sinal que o Espírito Santo em nós habita (João 16.8). Bendita tristeza segundo Deus que em nós opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; diferente da tristeza do mundo, que opera a morte (II Coríntios 7.10).
Se por um lado, a certeza de que os olhos do Senhor estão sobre nós nos dá a segurança e o consolo de sabermos que Seu terno cuidado está constantemente a nosso favor (e graças a Deus por isso!), nos leva também a ter consciência de que se faz necessário redobrar a vigilância quanto àquilo que fazemos, dizemos ou pensamos. Sim, pois até mesmo os nossos pensamentos mais secretos são conhecidos do Onisciente (Salmo 139.2; Mateus 9.4; João 2.25, etc.). Aliás, nada é oculto aos Seus olhos.
Na caserna costuma-se dizer que “o preço da liberdade é eterna vigilância”. Convém aplicar essa premissa também à vida espiritual, pois Aquele que nos libertou está nos observando ininterruptamente. Portanto, vigie! Afinal, você está sendo vigiado. E não é por uma camerazinha qualquer, mas sim pelos olhos do Criador. Olhos que são como chamas de fogo (Apocalipse 1.14)! 
Que Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian