O chicote que os soldados romanos usaram sobre Jesus tinha pequenas bolas de ferro e pedaços afiados de ossos de carneiro amarrados nele. Jesus é despido, e suas mãos são presas em um tronco vertical. Suas costas, nádegas e pernas são chicoteadas por um soldado ou por dois em posições alternadas. Os soldados insultam sua vítima. Conforme atingem repetidamente as costas de Jesus com toda a força, as bolas de ferro causam contusões graves, e os ossos de carneiro cortam a pele e os tecidos. À medida que o açoitamento continua, as lacerações atingem os músculos esqueléticos por baixo da pele e produzem tiras de carne ensangüentada. A dor e a perda de sangue antecipam o choque circulatório.
Quando é percebido, pelo centurião encarregado, que Jesus está prestes a morrer, a tortura é finalmente interrompida. O Jesus quase desmaiado é então solto e cai no piso de pedra, que está molhado com seu próprio sangue. Os soldados romanos vêem muita graça na afirmação desse judeu provinciano que afirma ser ele um rei. Jogam uma túnica sobre seus ombros e colocam uma vara em sua mão, como se fosse um cetro. Ele precisa de uma coroa para fazer sua imitação ser completa. Um pequeno feixe de galhos flexíveis cobertos de espinhos é montado no formato de uma coroa e é pressionado em seu escalpo. Mais uma vez, acontece um grande sangramento (o escalpo é uma das áreas mais vascularizadas do corpo). Depois de zombar dele e de atingi-lo na face, os soldados tiram a vara de sua mão e batem com ela na cabeça de Jesus, fazendo os espinhos penetrarem ainda mais na pele.
Finalmente, quando já estão cansados de seu esporte sádico, o manto é retirado de suas costas. Ele já se grudou às roupas ensangüentadas e ao soro das feridas, e sua remoção — do mesmo modo que a remoção descuidada de uma bandagem cirúrgica — provoca uma dor excruciante, quase como se estivesse sendo chicoteado de novo. As feridas começam a sangrar mais uma vez. Em deferência ao costume judaico, os romanos devolvem suas roupas. A pesada viga horizontal da cruz é presa aos seus ombros, e a procissão do Cristo condenado, dos dois ladrões e dos responsáveis pela execução prossegue pela Via Dolorosa. Apesar de seus esforços para caminhar ereto, o peso da pesada travessa de madeira, juntamente com o choque produzido pela enorme perda de sangue, é muito para ele. Ele tropeça e cai. A madeira rústica da travessa provoca um tipo de entalhe na pele lacerada e nos músculos dos ombros. Ele tenta se levantar, mas os músculos humanos foram exigidos além do que podem suportar. O centurião, ansioso para prosseguir com a crucificação, escolhe um observador robusto do norte da África, chamado Simão de Cirene, para carregar a cruz. Jesus o segue, ainda sangrando e suando o suor frio e pegajoso do choque.
A jornada de cerca de 600 metros entre a fortaleza de Antônia e o Gólgota é finalmente completada. As roupas de Jesus são mais uma vez tiradas, restando-lhe uma tira nos quadris, permitida aos judeus. A crucificação começa. Uma espécie de analgésico leve — uma mistura de vinho com mirra — é oferecida a Jesus. Ele se recusa a bebê-la. Simão recebe a ordem de colocar a travessa da cruz no chão, e Jesus é rapidamente jogado de costas, tendo os ombros contra a madeira. O legionário procura a depressão na parte anterior do pulso. Ele introduz um prego de ferro pesado e quadrado por entre o pulso, pregando-o profundamente na madeira. Rapidamente, ele vai para o outro lado e repete a ação, sendo cuidadoso para não deixar os braços muito apertados, mas permitindo alguma flexibilidade e movimento. A travessa vertical é então erguida, e o título "Jesus de Nazaré, rei dos judeus" é pregado na parte superior.
Jesus, a vítima, está agora crucificado. Conforme ele verga lentamente para baixo com mais peso sobre os pregos nos pulsos, uma terrível e excruciante dor é sentida nos dedos, passando pelos braços e vindo explodir no cérebro — os pregos nos pulsos estão fazendo pressão nos nervos medianos. Conforme tenta se empurrar para cima a fim de evitar o prolongamento desse tormento, ele coloca todo o seu peso nos pregos que seguram seus pés. Mais uma vez, é sentida uma profunda agonia por causa dos pregos cortando os nervos entre os metatarsos em seus pés. Nesse momento, acontece outro fenômeno. Conforme os braços se fatigam, grandes ondas de cãibras passam pelos músculos, provocando uma profunda e contínua dor latejante. Juntamente com essas cãibras, vem a incapacidade de se empurrar para cima. Pendurado pelos braços, os músculos peitorais são paralisados, e os músculos intercostais não conseguem funcionar. O ar consegue entrar nos pulmões, mas não consegue ser expelido. Jesus para para se levantar a fim de poder ter um curto período de respiração. Desse modo, o dióxido de carbono diminui em seus pulmões e na corrente sanguínea, e as cãibras diminuem parcialmente. De maneira espasmódica, ele é capaz de se empurrar para cima para exalar e inalar o oxigênio que lhe pode prolongar a vida. É sem dúvida durante esses períodos que ele profere as sete frases curtas que estão registradas.
É nesse momento que tem início as horas de dor ilimitada, ciclos de cãibras e torções, a asfixia parcial, a dor abrasadora à medida que os tecidos são rasgados em suas costas dilaceradas conforme ele se move para cima e para baixo contra a viga bruta da cruz. Então, começa outra agonia. Uma dor profunda e esmagadora no peito à medida que o pericárdio lentamente se enche de soro e começa a comprimir o coração. Está quase no fim — a perda de fluidos nos tecidos alcançou um nível crítico; o coração comprimido está lutando para bombear sangue grosso, pesado e vagaroso nos tecidos; os pulmões torturados estão fazendo um esforço frenético para arfar pequenas golfadas de ar. Os tecidos notadamente desidratados enviam um dilúvio de estímulos ao cérebro. Sua missão de expiação se completou. Finalmente, ele pode permitir que seu corpo morra. Com um último surto de força, ele mais uma vez pressiona seus pés pregados contra os cravos, fortalece suas pernas, respira fundo e profere seu sétimo e último clamor:
"Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito".
Jesus passou por tudo isso para que você e eu pudéssemos ser reconciliados com ele, para que você e eu pudéssemos ser salvos de nossos pecados quando declaramos Pai, nas tuas mãos entrego a minha vida.
(Trecho do excelente livro "Não tenho fé suficiente para ser ateu", de Norman Geisler e Frank Turek, publicado pela Editora Vida)
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian
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Que Deus muito o abençoe.