Carta aberta aos meus acusadores
Inicialmente, quero deixar claro que o pensamento aqui registrado não possui qualquer resquício de ressentimento. No entanto, tal registro se faz necessário para aclarar o pensamento de algumas pessoas que, dizendo-se servas de Deus, mais se assemelham a servas do inimigo de nossas almas, o Acusador-mor. Afinal, se esquecem que um dia foram também perdoados, e diariamente são lavados de suas iniquidades por meio do Sangue do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
Fato é que, devido à ação de tais acusadores, por vezes me sinto como o único homem da face da Terra que está terminantemente proibido de errar. Isso porque numerosos são os dedos que me apontam e as línguas que, impiedosamente, me condenam ao inferno, como se algum ser humano tivesse tal poder. Mas poucos foram aqueles que me ofereceram seus ombros e me ofertaram palavras de consolo ante os dias de agonia profunda que passei nos últimos meses.
Sim, estou sentindo na pele aquilo que nosso irmão Tiago escreveu no primeiro século da Era Cristã e que está registrada no capítulo 3 de sua epístola (versículo 1), na Bíblia que ora temos em mãos.
Ou seja, talvez pela posição que eu ocupava, mormente me viam como "o perfeito", ou "o impecável". Se esquecem de que, por mais firme que o homem pareça estar, não passa de uma bolha de ar, névoa, barro, pó e cinza (Gênesis 2:7; 18:27; Salmo 39:5). Ademais, sempre deixei claro que nunca quis assumir posição alguma de liderança dentre o povo de Deus, justamente por ter consciência de minhas limitações e imperfeições.
Mas a obra é de Deus, e para fazê-la Ele pode levantar quem quiser. E por Sua infinita bondade, por Sua maravilhosa graça e por Sua soberana misericórdia, Ele me levantou e, certamente, uma vez mais me levantará.
Prezados, será que vocês se esquecem dos personagens bíblicos que tropeçaram no trajeto, mas que foram restaurados pelo Senhor? A própria Palavra nos indica a grandiosidade e o alcance do perdão de Deus.
Observemos o episódio que ficou conhecido pela epígrafe "A mulher adúltera", registrada
Observemos o episódio que ficou conhecido pela epígrafe "A mulher adúltera", registrada
no capítulo 8 do Evangelho segundo escreveu João. A "pecadora" (usamos esse termo como se houvesse ser humano que não peque...) estava prestes a ser apedrejada por ter cometido seu erro, quando Jesus se dirige tranquilamente a seus algozes com um desafio:
"Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela" (João 8:7).
Note que o Mestre não fez referência especificamente ao pecado cometido pela acusada, mas utilizou a palavra "pecado" de maneira genérica. Penso que assim o fez Jesus por dois motivos básicos:
1) O homem tem a tendência de minimizar suas falhas e hiperdimensionar as alheias, em arroubos de hipocrisia e autocomiseração. Um dia desses vi numa rede social uma frase que bem ilustra esse tipo de atitude: "Não se julgue melhor que eu só porque seu pecado é diferente do meu".
2) Deus, em Sua soberania, vê os pecados indistintamente e perdoa a todos, também indistintamente (exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo, o pecado imperdoável).
Tocados pelas palavras do Filho de Deus, um a um, os acusadores foram soltando as pedras que traziam, e retornando a seus afazeres cotidianos. A conclusão do diálogo, bem sabemos:
"E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais" (João 8:10,11).
O que dizer então de Davi, que não obstante suas transgressões (adultério, mentiras, assassinato, etc.) posteriormente foi perdoado - perdão Divino precedido por um arrependimento sincero - e ficou conhecido como "o homem segundo o coração de Deus"?
Bom, prezados... Ante o exposto, caso alguém queira continuar me acusando e falando mal de mim, fique à vontade. Estou orando por vocês. Deus conhece meu coração.
Se não quiserem me perdoar, tudo bem... Perdão não se exige, deve ser espontâneo. Mas entendo que, se assim procederem, estarão encrencados ao repetir a oração que Jesus nos ensinou: "... perdoa-nos... assim como nós perdoamos..." (Mateus 6:12).
Sei que quando eu voltar a pregar e a ensinar a Palavra - se eu voltar - muitos vão fazer cara feia e torcer o nariz. Mas o que importa é que Jesus vai olhar, como nunca deixou de me olhar, dar um sorriso e me dizer: "Filho, eu te amo".
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian
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Que Deus muito o abençoe.